Eu ia. Não gostava, mas ia. Chorava, mas ia. Não queria deixar minha sessão da tarde, nem minha mãe. Pior: teria que falar com estranhos. Criaturas reais. Não seriam meus anjos, querubins, sombras, clarões que me acompanhavam nas noites assustadas na minha cama quente. Extremamente quente. Eu ia. Aprendendo a odiar, mas ia. Gostava de ler em casa. AH, MEUS GIBIS! Meus livros de aventura e mundos distantes. Júlio Verne, Capitão de mim. Demorei um ano para me socializar um pouquinho. EU E DOIS IRMÃOS GÊMEOS, ÉRAMOS OS MALFEITOS DA SALA DE AULA. Os de canto. Eles eram pobres e negros lindos de olhos verdes. Eu era gordinho e pobre. Nada tinha de lindo. Passamos aquele primeiro ano de escola sofrendo juntos todo preconceito infantil e a timidez diabólica que carregávamos da nossa pobreza.
Mas, sobrevivemos.
Verdade! Essa é a sensação que nos acompanha diante do desconhecido…
E isso tem se tornado recorrente em meio à pandemia: crianças e adolescentes tendo de retornar a espaços de aprendizagem, socialização e convivência.
É o “estranho” novo jeito de ser e de fazer as coisas!