POR EVERTON CIDADE: Escola

22 de agosto de 2021 - 07:55
Por Everton Luiz Cidade

Eu ia. Não gostava, mas ia. Chorava, mas ia. Não queria deixar minha sessão da tarde, nem minha mãe. Pior: teria que falar com estranhos. Criaturas reais. Não seriam meus anjos, querubins, sombras, clarões que me acompanhavam nas noites assustadas na minha cama quente. Extremamente quente. Eu ia. Aprendendo a odiar, mas ia. Gostava de ler em casa. AH, MEUS GIBIS! Meus livros de aventura e mundos distantes. Júlio Verne, Capitão de mim. Demorei um ano para me socializar um pouquinho. EU E DOIS IRMÃOS GÊMEOS, ÉRAMOS OS MALFEITOS DA SALA DE AULA. Os de canto. Eles eram pobres e negros lindos de olhos verdes. Eu era gordinho e pobre. Nada tinha de lindo. Passamos aquele primeiro ano de escola sofrendo juntos todo preconceito infantil e a timidez diabólica que carregávamos da nossa pobreza.

Mas, sobrevivemos.

Notícia anterior
Próxima notícia

Comentários

Cíntia Maciel

Verdade! Essa é a sensação que nos acompanha diante do desconhecido…
E isso tem se tornado recorrente em meio à pandemia: crianças e adolescentes tendo de retornar a espaços de aprendizagem, socialização e convivência.
É o “estranho” novo jeito de ser e de fazer as coisas!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Escute a rádio ao vivo