“Eu poderia ficar triste ou ajudar as outras pessoas atingidas como eu. Fui ajudar”, Arthur Mello, Tuca que perdeu a casa na Campina

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O maio que nunca acaba segue provocando  dor, sofrimento, superação, emoção, solidariedade, voluntariado e o melhor do ser humano, o olhar ao próximo. “Saí de casa na sexta-feira (3) com minha filha e minha vó e não conseguimos mais voltar pra casa. Poderia encarar isso com tristeza ou ajudando as pessoas”, resumiu Arthur Mello, o Tuca, professor de corrida, morador da Campina, no Berlinda News Entrevista desta quinta-feira (30), junto com Juliano Roques (presidente da Associação dos Funcionários do Semae); Guilherme Roques (supervisor financeiro) e Dudu do Haka. Eles representam milhares de voluntários daqui e de todo o Brasil abnegados na ajuda a 70% da população de São Leopoldo atingida pela catástrofe climática. O voluntariado segue porque muitas casas ainda estão com água, muitas pessoas em abrigos e fora de casa sem previsão de retorno.

“Resgatei pit bulls e fui mordido por phinscher”

“Focamos no resgate de animais quando as pessoas já estavam em lugares seguros, com exceção de quem quis ficar em casa. Os animais estavam nos telhados com fome, com medo, assustados e andar nos telhados não era fácil porque as casas são encostadas e o material é frágil. Resgatei animais de todas as raças, só pit bulls, por exemplo, foram seis (6) mas fui mordido por phinscher depois de uma hora e meia de trabalho e luta na água. Uma phinscher entrou numa casa, sentou no sofá boiando e me olhando. Mas essa não tentou me morder”, recorsa Tuca rindo da situação.

“Chamei meu time pro jogo”

“Como servidor do Semae e acompanhando de perto a situação comecei a me organizar porque as informações eram de dias difíceis. Chamei meu time pro jogo pensando que ficaríamos quatro (4) a cinco (5) dias como foi em setembro, mas estamos num mês de maio que não tem fim, muita gente precisando de ajuda e ao mesmo tempo muitos voluntários tendo que voltar ao trabalho. Hoje estamos indo para a associação depois do trabalho”, diz Juliano Roques.

“O melhor do Brasil é o brasileiro”

“Faço parte dos privilegiados da cidade que não foram atingidos diretamente, mas isso não significa nada. Meus funcionários do Haka foram atingidos e desde o início mobilizei minha rede de amigos para doações. Usando a rede social do Haka fizemos um vídeo que teve mais um 1 milhão de acessos de todas as partes do Brasil, aliás preciso dizer que o melhor do Brasil é o brasileiro. Hoje estamos em busca de locais para receber as doações porque a maioria dos pavilhões está na Scharlau e Rio do Sinos. Reabri o Haka ontem (29) me sentindo meio constrangido, mas me emocionei ao ver que voluntários e amigos foram lá porque é necessário reconstruir”, disse emocionado Dudu do Haka.

“Um lar mesmo que temporário”

“Hoje estamos no protagonismo mas só porque começamos a operação de ajuda, porque temos muitas pessoas do nosso lado que escolheram estar com a gente pelo sofrimento dos outros. O Cadmielleal perdeu tudo, não tinha para onde ir, e eu só conhecia ele de cumprimentar. Dei a chave do meu apartamento e ele disse “te amo”. Percebi que para ele era fundamental ter um lugar para ir  mesmo que temporário. Temos que olhar o melhor das pessoas”, Guilherme Roques.

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