Conforme o pré-projeto para desassoreamento do trecho crítico do Rio dos Sinos entre a antiga linha férrea e a ilha após a BR-116, a primeira etapa será feita por terra. Escavadeiras hidráulicas, retroescavadeiras e draglines irão retirar porções de sedimentos. “Os sedimentos serão retirados do canal de extravasamento, em uma extensão de 800m de comprimento e 45 metros de largura, e da área com deposição junto a cortina de proteção (muro) próximo a ponte da avenida Mauá “, explicou o biólogo Marco Darcy, da ABG Engenharia e Meio Ambiente Ltda e Brita Consultoria em Mineração e Meio Ambiente, empresa contratada para fazer o pré-projeto apresentado na audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (27), na Câmara de Vereadores de São Leopoldo. O engenheiro Alexandre Bugin também participou da audiência.
Conforme o biólogo Marco, hoje a entrada do canal de extravasamento está assoreada e coberta por muita vegetação que precisará ser retirada.A partir desse pré-projeto e da execução pela Prefeitura, será possível elaborar o projeto executivo para o desassoreamento com draga, qual a profundidade que pode ser feito. A expectativa é de retirar 42 mil metros cúbicos nessa fase.
Ainda não é possível saber qual material está sedimentado. ” Aida não sabemos para saber a destinação correta. Já temos uma área do Semae, mas precisamos saber o que está debaixo da água, se são pedaços de árvores e similares, por exemplo. Na próxima semana irão recolher alguma amostras para saber quais sedimentos estão rio” , explicou a titular da Semmam, Cláudia Costa
Ações recomendadas para o projeto executivo
- Remoção da vegetação
- Ações ambientais como resgate de fauna
- Remoção do sedimento com retroescavadeira
- Análise do sedimento removido para entender qual a destinação correta
- Análise sobre possibilidade do uso do sedimento para reforçar a cortina de concreto (muro)
O biólogo Marco concluiu a apresentação sobre a importância das ações citadas acima e com uma observação para que as pessoas não pensem que isso resolverá definitivamente o problema. “O projeto de desassoreamento da porção crítica do Rio dos Sinos em São Leopoldo não é uma ação exclusiva e definitiva que protegerá a cidade contra quaisquer eventuais enchentes. Importante destacar que a enchente de 2024 teve uma magnitude tão grande que o desassoreamento em si não poderia impedir que ocorresse a enchente nesse trecho “, concluiu o biólogo Marco Darcy.
O que disse o geólogo Antônio Geske
” O canal extravasor foi projetado para 2385 metros cúbicos por segundo. Na enchente de maio de 2024 a vazão foi d e1924 metros cúbicos por segundo. Subiu tanto porque o canal está assoreado. Em 2010 foi feito um trabalho da margem direita do rio e deveria ter sido feito na esquerda, mas a Prefeitura luta até hoje para buscar os recursos no governo federal “.
Biólogo, professor aposentado da Unisinos e integrante do Comitesinos, Uwe Schulz
” O biólogo da empresa falou que é preciso pensar esse projeto como uma peça de um mosaico de ações necessárias. Estado e municípios gastam muito dinheiro para remover os sedimentos, mas não investem para impedir que sedimentos cheguem ao rio. A manutenção da mata ciliar e dos banhados é fundamental. A natureza trabalha para nós, precisamos conservar o que ela nos deu. São Leopoldo e todos os outros municípios da bacia receberam de graça o mapeamento que o Comitesinos fez. Infelizmente até hoje não recebi retorno de nenhum município porque isso implica em seus planos diretores. Espero que a Prefeitura de São Leopoldo pegue esse levantamento para saber sobre as áreas úmidas “.
Reuniões mensais
Autor da audiência púbica, o vereador e líder de governo na Câmara de Vereadores, Daniel Daudt (PL), anunciou uma reunião mensal sobre as questões relativas a desassoreamento, sistema de proteção às cheias. ” O prefeito Heliomar montou um grupo de trabalho com várias secretarias e faremos reuniões mensais aqui na Câmara de Vereadores. A primeira será dia 27 de março, dez horas”.
Também falaram os vereadores e representantes de entidades como o Comitesinos, Pró-Diques Feitoria, Campina, entre outros presentes na audiência pública.