Parece bravata. Mas é a carta na manga que o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), tem para pressionar o governador Eduardo Leite caso insista em cortar R$ 165 mil do repasse mensal ao Hospital Centenário, uma das consequências do Programa Assistir lançada na última sexta-feira.
“Corto a água do Presídio de Sapucaia se o Estado cortar parte do recurso de R$ 500 mil para o Centenário (*)”, afirmou Vanazzi, hoje (18) no Berlinda News Entrevista. “Num prazo de seis (6) a sete (7) meses, os hospitais da região metropolitana irão perder R$ 200 milhões, dinheiro fundamental para manter os serviços de saúde à população que só tem o SUS. O governador precisa cumprir a Constituição e repassar 12% do orçamento para a saúde. Nem o Estado e nem a União cumprem. Nossa indignação é porque só nós municípios temos que cumprir e se não fizer isso responderemos judicialmente”, criticou Vanazzi.
Reunião da Granpal em Cachoeirinha
A indignação dos prefeitos Volmir Rodrigues (PP) e Leonardo Pascoal (PP), respectivamente Sapucaia do Sul e Esteio, é a mesma do prefeito Vanazzi. “Nosso corte aqui será de R$ 40 milhões. Vamos mostrar para o governador que é inviável. Falaremos isso amanhã (19) na reunião da Granpal, 9 horas, em Cachoeirinha”, diz Volmir.
De acordo com Leonardo Pascoal, a redução de repasses já começaria a ocorrer em setembro e que a forma como o programa foi proposto foi equivocada. “Os hospitais aplicam cada centavo que foi destinado e muitas vezes usam o recurso de um setor que está superavitário para uma área que apresenta déficits”.
“Estamos aqui para fazermos o diálogo e a construção. Precisamos de um prazo maior para implementar o Assistir. No diálogo e na construção quem ganha é a saúde do Rio Grande”, afirmou Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre e presidente da Granpal. “É preciso encontrar uma solução justa e que contemple as diferentes realidades dos municípios”, completou.
Semae: água para Presídio Estadual em Sapucaia (*)
Em dezembro de 2020 o prefeito Ary Vanazzi e o vice-governador Ranolfo Jr. definiram que a Prefeitura de São Leopoldo, por meio do Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), faria a colocação da rede de esgoto e água para o Presídio Estadual construído no bairro Colonial, em Sapucaia do Sul. Em contrapartida, o Estado estabeleceu repasse mensal de R$ 500 mil para o Hospital Centenário. “Nós não podemos gastar verba e estrutura do Semae e não ter ajuda de volta e os repasses para o hospital são um problema histórico. Além de que a nossa casa de saúde e o nosso povo precisam ser tratados com justiça”, disse Vanazzi à época.
A reivindicação foi considerada justa pelo vice-governador. “Vamos reunir com a secretária de Saúde Arita Bergmann já na segunda-feira. Na terça teremos a resposta, com valores e prazos, conforme a Prefeitura nos solicitou”, informou Ranolfo Jr, também à época que resultou na oficialização do acordo.