Tiros, bandidos encapuzados, refém ferido e fuga cinematográfica: teve de tudo no exercício de simulação de roubo a banco protagonizado pelo 25º BPM na pacata cidade de Capela de Santana, um exercício que mobilizou forças táticas e um grande público na tarde desta quarta-feira (4).
Coordenada pelo tenente-coronel Marcelo Silva Bueno, a ação faz parte do Plano de Defesa da Cidade e envolveu treinamento tático, reconhecimento aéreo e coordenação intermunicipal.
Cenário de treinamento
A simulação teve início na avenida Coronel Orestes Lucas, principal acesso ao município, em frente à agência do Banco Sicredi. Assaltantes encapuzados e “fortemente armados” chegaram em uma Mitsubishi estacionada na contramão. Aos gritos e disparando tiros (de festim) ao ar, os bandidos adentraram com violência o banco anunciando o assalto – uma cena montada para reproduzir com fidelidade a ação de criminosos em uma agência bancária de uma cidade pequena – locais que costumam ser alvos frequentes dos criminosos.
Tomada da agência e resposta inicial
Logo após desembarcar, um “bandido” permaneceu na porta efetuando disparos para intimidar transeuntes, enquanto os outros rendiam funcionários e clientes para exigir o dinheiro. Os criminosos então deixaram a agência usando às vitimas como escudo humano, andando à sua frente.
O exercício contou com reféns em cenas potencialmente realísticas: um cliente foi preparado para simular ferimento ao tentar escapar da ação dos assaltantes – sendo alvejado por um deles – criando a necessidade imediata de atendimento de urgência.
A Força Tática da BM, composta por duas equipes — uma de seis e outra de quatro policiais — posicionou-se a poucos metros da agência. Utilizando escudos balísticos, os soldados avançaram simultaneamente pela porta principal e pelas laterais, sob cobertura de um drone de reconhecimento que monitorava rotas de fuga. Em questão de minutos o “refém ferido” foi retirado pelos soldados parta atendimento do Samu.
A equipe de entrada confirmou que não havia mais ameaça dentro do banco e declarou a área “limpa”. Na sequência o local foi isolado para registro de cena de crime e remoção de evidências cenográficas (mochilas, coletes e malotes fictícios).
Interceptação na zona rural
A segunda etapa da simulação projetou a saída dos assaltantes pela Rua Fernando Dexheimer, em direção ao interior. A Central de Operações da BM imediatamente acionou viaturas adicionais e bloqueou estradas vicinais com caminhões, impedindo rotas de fuga. Além disso, o Batalhão de Aviação (BAvBM) entrou em ação com helicóptero, fornecendo visão aérea para rastrear o veículo em fuga.
Assim que a Mitsubishi foi localizada, a Força Tática se aproximou em formação: policiais apontaram fuzis para o automóvel, ordenando que os ocupantes descessem com as mãos à mostra. Os “criminosos” foram rendidos em questão de segundos, deitados no asfalto e algemados.
A equipe, então, realizou busca completa no interior do veículo, recuperou o “malote de dinheiro” e recolheu armas e munições cenográficas. Em seguida, todas as vias foram liberadas e a viatura utilizada pelos simulados foi removida.
Objetivos e aprendizado
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Prevenção e inteligência: testar o tempo de resposta das equipes, a eficiência na abordagem de reféns e o uso de drones para monitorar movimentações.
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Conhecimento de rotas: mapear cenários urbanos e rurais, identificando possíveis rotas de fuga para interceptação rápida.
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Coordenação intermunicipal: envolver agentes da segurança público em parceira com a própria comunidade, aprimorando a comunicação entre centrais de operações.
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Treinamento em ambiente realístico: uso de munição de festim, escudos balísticos, evacuação de vítimas, bloqueio de vias e apoio aéreo para replicar as condições de um assalto de fato.
Palavra do comandante
Esta simulação faz parte do Plano de Defesa das Cidades (PDC), que abrange medidas preventivas e reativas a ações criminosas. O Tenente-coronel Marcelo Silva Bueno, comandante do 25º BPM (São Leopoldo, Portão e Capela de Santana), informou que em breve as demais cidades patrulhadas pelo destacamento também passarão pelo exercício.

“Nosso objetivo é fortalecer protocolos de ação, refinar rotas de fuga e melhorar o tempo de resposta. Ao projetarmos cenários realistas, podemos entender melhor o modo de agir dos criminosos e treinar nossos policiais para atuar com precisão e inteligência”, avaliou o comandante, que ainda brincou: “Inclusive, sei que os bandidos devem estar assistindo a isso, então fica dado o recado”.
Confira na sequência de imagens como foi a simulação: