O novo “equipamento” incorporado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Centenário não foi produzida em nenhum laboratório de tecnologia de ponta. Foi confeccionada manualmente, mas por uma profissional capacitada da área médica. As redes para os prematuros que tem assinatura da chefe da enfermagem, Fernanda Estrela, começaram a balançar bebês durante o período crítico de internação. A redeterapia começou no dia 31 de julho. “Usamos nos bebês com liberação médica nos intervalos das dietas. Nesse momento temos sete (7) prematuros e dois (2) que podem ficar na redinha”, explica Fernanda.
O presidente da Fundação Hospital Centenário, Nestor Schwertner, destaca os benefícios das redes para o desenvolvimento físico e emocional dos pequenos pacientes. “Sabemos que o ambiente de UTI pode causar estresse nos bebês. E a implementação das redes vem como um reforço importante no sentido de proporcionar o melhor ambiente possível para o crescimento e recuperação dos pequenos pacientes.”
Redes de descanso
As redes são suspensas e levemente balançadas, proporcionando um movimento suave e rítmico que imita o balanço do líquido amniótico. O movimento tranquilizador pode ajudar a regular o sistema nervoso do bebê e reduzir a agitação, promovendo o sono e o descanso necessário para seu desenvolvimento. Além disso, o uso de redes de descanso pode contribuir para a prevenção de algumas complicações frequentes em prematuros, como a síndrome do desconforto respiratório e as deformidades ortopédicas, pois permite que os bebês adotem uma posição mais natural e confortável.
Saiba mais
Conforme a fisioterapeuta Ana Carolina Almeida, durante o desenvolvimento intrauterino, o bebê adquire uma postura flexora, dada pelo desenvolvimento do sistema nervoso central e estimulação mecânica quando alcança os limites da parede uterina. Esse tônus fisiológico irá perdurar até cerca de dois meses de idade, onde inicia a mudança para um padrão extensor. Quando ocorre o parto prematuro, o pré-termo perde essa fase de desenvolvimento e o estímulo que favorece essa postura, evoluindo com hipotonia e rotação externa dos membros devido a ação da gravidade, dificultando o ganho de linha média, podendo culminar em atraso do desenvolvimento neuropsicomotor .
No ambiente de terapia intensiva o neonato sofre diversos estímulos que podem ser estressantes e dolorosos, como punções e coletas de exames, exposição à luz, ruído e manipulação constante. Posicionar o recém-nascido de maneira organizada, com os membros próximos ao tronco, minimiza o estresse e favorece ganho de peso.
Parte essencial para um posicionamento adequado é a confecção de um ninho, através de toalhas ou lençóis enrolados em formato de “U” ou “O”, de modo que isso ofereça restrição e apoio ao corpo do bebê, de maneira contínua, durante sua permanência na unidade, trazendo a sensação de segurança. Em estudo conduzido por COMARU et al, com amostra de 47 bebês com idade gestacional média de 32 semanas, verificou-se que esse posicionamento reduz reações de retraimento e sinais de dor durante a troca de fraldas.