Com a chegada oficial do inverno e previsão de temperaturas em queda já na próxima semana, o Banco de Agasalhos de São Leopoldo intensifica sua operação para atender ao aumento de procura por peças quentes.
Instalado no Ginásio Celso Morbach, no Centro, o espaço conta com cerca de 20 mil itens disponíveis e distribui em média 700 peças por dia — número que deve subir com o frio. Nesta sexta-feira (20), o repórter Juliano Palinha conferiu de perto o funcionamento e as necessidades do órgão, conversando com a servidora de longa data Francine Lucchese Dutra, que coordena o balcão de retiradas.
Estoque e horário ampliados para o inverno
Francine, com 18 anos de serviço público e cinco no centro de distribuição, explica que o banco dispõe hoje de roupas infantis e adultas, calçados e roupas de cama. “Atualmente, nosso acervo tem muitas peças femininas. Precisamos muito de roupas masculinas de inverno, porque os homens tendem a usar as mesmas vestes por mais tempo.” Para dar conta da demanda crescente, o horário de atendimento passa a ser de segunda a sexta, das 8 horas ao meio-dia e das 13 às 17 horas.
Critérios de retirada e público atendido
Qualquer pessoa pode vir ao Ginásio com documento de identificação; quem retira peças para familiares deve estar inscrito no Cadastro Único. “Em média, atendemos 70 famílias por dia, ou cerca de 120 a 150 pessoas. Há quem venha buscar agasalhos para até 10 pessoas de uma só vez.” Para evitar revenda de roupas, cada cadastro permite uma retirada mensal, com flexibilidade em casos excepcionais.
Campanha “Desapegar é Incluir”
Em complemento às doações espontâneas, a Secretaria de Assistência Social coordena a campanha Desapegar é Incluir, com mais de 50 pontos pela cidade coletando peças em bom estado — de moletons a tênis. “A campanha é segmentada para estar de acordo com as nossas necessidades de suprimento. Tivemos a etapa dos moletons e tênis. Ela vai mudando conforme a procura dos itens”, frisa.
Parceiros como Hipermercado Bourbon, Unisinos e Trensurb realizam mutirões internos para suprir necessidades específicas. “Também pedimos doações de roupas íntimas novas por questão de higiene”, ressalta Francine.
Desde o início, a Prefeitura cita que a campanha não é destinada para quem queira descartar peças de vestuário, que talvez não tenham mais o uso adequado por estarem velhas ou rasgados, mas sim aquelas peças em ótimo estado que podem contribuir para o conforto do próximo.
Desafios logísticos e lições das enchentes
Do total de 50 mil peças em estoque, boa parte destas é ainda de roupas leves, que precisam ser guardadas para dar lugar às peças pesadas. Francine recorda o impacto das enchentes de 2024: “A água subiu mais de quatro metros e inundou o banco. Perdemos toneladas de roupas, impossibilitadas de serem recuperadas com higienização. Foi preciso mobilização popular para recompor o estoque.” Moradora do Charrua, ela própria viu seu acervo submerso e acompanhou a reconstrução do espaço, que levou vários meses.
Atenção a públicos específicos
O Banco também atende cerca de 10 a 15 pessoas em situação de rua diariamente. Há cada 15 dias, a pessoa necessitada nestas condições pode realizar trocas regulares de peças de roupa, já que as suas molham e rasgam com mais facilidade. Há ainda convênios com a Secretaria das Mulheres para fornecer roupas a vítimas de violência doméstica, muitas vezes desabrigadas sem sequer ter outra vestimenta.
Para mais informações sobre o Banco Municipal de Agasalhos:
Endereço: R. Dom João Becker, 271 – Centro, São Leopoldo
Telefone: (51) 3575-1744
