“Você é um privilegiado por andar de barco e não de carro”, brinco pra descontrair as pessoas resgatadas diz João Chaves

7 de maio de 2024 - 14:15
Por Juliano Palinha/Sônia Bettinelli

Até sexta-feira, 4 de maio de 2024, seria impossível pensar em atravessar a  BR-116, de barco, para chegar no Charrua, Vicentina, São Miguel, na Baixada. Desde domingo é o único meio de transporte desde a catástrofe que paralisou São Leopoldo. O que se escuta é o som de sirenes, ambulâncias, viaturas. “Você é um privilegiado por andar na BR-116 de barco e não de carro”, brinco para tentar descontrair um pouco as pessoas resgatadas de suas casas, às vezes no telhado”, diz  João Chaves, o Homem do Rio do Sinos e da Baixada, que perdeu a conta de quantas pessoas já resgatou.

Crias da Baixada

Hoje (7), entre os “passageiros” do João,  o jornalista Juliano Palinha, da Berlinda, outra “cria da Baixada” como o João. Juntos identificavam comércios, casas de amigos, empresas. Relembravam o nome dos moradores num tom  como se estivessem passeando, tudo para que os demais passageiros pudessem esquecer por segundos a destruição das casas.

Dez dias

“Acredito que leve dez dias pra água sair das avenidas, mas vai permanecer mais tempo, tudo depende da gravidade da ruptura no dique atrás do ginásio. Só vai sair  tudo quando a casa de bombas voltar a funcionar.

Pra vagabundagem

No barco ao lado, um  morador do Charrua estava voltando pra casa para evitar furto, saques. O que não perdi pra água, perdi pra vagabundagem, levaram televisão e muitas outras coisas”, relata o jovem. No barco do João, outro morador do Charrua, o Márcio, voltava pra casa. “Deixei minha mulher na casa dos pais e vou voltar pra cuidar. Fizemos um grupo de moradores e a gente se reveza pra que não roubem mais”, disse Márcio antes de “desembarcar” direto na janela do apartamento, mas antes anotou o telefone do João que recomendou “pode ligar a qualquer hora”.

Solidariedade

“Sabe Palinha o que conforta a gente é a solidariedade. São Leopoldo tá muito unido e tem gente de fora pra ajudar. Isso incentiva mais, dá energia pra continuar trabalhando. Eu vivi a enchente de 65 que foi menos que a essa”, disse João que aos 68 anos tem muita história e principalmente exemplos sobre como viver, enfrentar desafios, recomeçar.

Avenida Tomaz Edison no São Miguel

UBS Vicentina

Morador do Charrua teve o apartamento invadido e levaram a TV entre outras coisas

Mercado Charrua no Charrua

Allison morador do Viver atrás do Charrua

Ouça a entrevista completa

 

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