Na tribuna popular da Câmara de Vereadores de São Leopoldo, nesta terça-feira (27), o pedido de ajuda silenciou o plenário. A fala pausada foi carregada de dor. Por mais de uma vez, entre uma palavra e outra, Claudia Raquel de Siqueira Soares, 33 anos, respirava revivendo a dor do dia seis (6) de abril quando foi submetida a uma cesariana de emergência no Hospital Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul, porém a filha Heloísa não resistiu as 41 semanas.
Antes de chegar no Getúlio Vargas, Claudia buscou atendimento quatro vezes no Hospital Centenário, em São Leopoldo, com o encaminhamento para cesariana do médico que fez seu pré-natal em Portão. Segundo o médico, Claudia precisava de cesariana porque sua altura era de 1, 40 metros. A recomendação foi ignorada pelos quatro profissionais que a atenderam.
“Na última vez que estive no Centenário, a médica que me atendeu disse que não faria a cesariana antes de completar 41 semanas porque isso era uma regra. Não entendo que regra é essa. Tive força para vir aqui hoje e agradeço por me escutarem, por me darem voz o que não tive quando mais precisei. Por favor olhem por nós mães que ficamos vulneráveis quando entramos no hospital para ter nossos filhos”.
“Entrem no Hospital Centenário e conversem com as mães, olhem por nossa saúde. Tive força para vir até aqui com meu coração sangrando porque não tive o direito de levar minha filha pra casa, junto o irmão de 11 anos, que sonhava com o nascimento da irmã. Lá em Sapucaia ninguém me perguntou nada, de onde era, me acolheram e quando perguntei para a médica porque não escutei o choro da minha filha, ela (médica) disse que precisava salvar a minha vida e que minha filha engoliu água do parto porque passou da hora de nascer”.
Claudia insistiu para que os vereadores entrem e caminhem no Centenário. “Vocês tem voz para que outra mães não passem pelo que estou passando. Infelizmente não fui a primeira e não serei a última”.
Os vereadores se solidarizaram e se comprometeram em ir ao Centenário para entender porque esse fato ocorreu, afinal foram quatro vezes, quatro médicos que se negaram a fazer a cesariana conforme o encaminhamento.
O caso da Claudia está sendo conduzido pelo delegado da 2ª DP, André Serrão que instaurou procedimento para ouvir todos os envolvidos.