POR CÍNTIA MACIEL: Enxergar através das aparências

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A sala de aula é um espaço cheio de desafios e, consequentemente, diferentes ritmos de aprendizagens, pois cada um traz consigo uma história única e particular (estrutura biológica, psicólogica, social e cultural).

O professor precisa entender essa realidade e ter um olhar “apurado” para criar estratégias que possibilitem o desenvolvimento de cada indivíduo. Tais diferenças devem ser respeitadas e acolhidas, uma vez que há múltiplos estilos de aprendizagem.

O psicólogo Howard Gardner (Universidade de Harvard, 1983), descreveu uma teoria com nove (9) estilos diferentes, defendendo a ideia de que cada indivíduo tem sua maneira de aprender durante o processo de ensino. Afirmou ainda que a inteligência humana é como um quebra-cabeça e todas as peças têm o mesmo valor e importância.

Conhecer os diferentes ESTILOS auxilia o professor a desenvolver suas estratégias pedagógicas. Com isso, o processo se dá com maior fluidez. Vale observar que os estilos (ou inteligências múltiplas) não nos dão respostas quanto ao ritmo de aprendizagem em sala de aula.

Essa disparidade no ritmo pode estar associada ao déficit cognitivo, ou seja, o aprendizado a que o aluno foi submetido pode não ter sido suficiente para fazer com que ele se desenvolva e acompanhe os demais processos, principalmente, quando lhe for exigido um pouco mais.

Outra questão importante é não “medir” o aprendizado somente através das notas. Acompanhar a evolução, constatando as dificuldades, viabiliza a oferta de atividades específicas. Assim, o resultado será satisfatório e é uma maneira de suprir esse déficit.

O olhar transformador do professor

Com um olhar de sensibilidade, o professor tem o poder de influenciar e transformar a vida do aluno. Reconhecer a realidade e valorizar a identidade do estudante vai além de trabalhar conteúdos obrigatórios: aproxima “mundos” e a comunicação se abre para falarem sobre seus pensamentos, sonhos e sentimentos, criando e fortalecendo vínculos e laços afetivos.

Ser professor neste contexto é ensinar humanidade aos alunos para que cresçam e reconheçam seus deveres e direitos enquanto cidadãos. Além disso, o professor é um instrumento que proporciona circulação do conhecimento nos espaços educativos (e para além deles), sendo capaz de aliar conhecimento e experiência para desenvolver-se em contextos pedagógicos, também tomar decisões pessoais e individuais.

Portanto, ser professor é ser agente transformador. O conhecimento é transformador e multiplicador, desde que haja sensibilidade e empatia, pois aprender e ensinar é uma via de mão dupla.

Há perguntas desnecessárias e respostas inimagináveis

Na teoria, tudo é lindo. Mas quando há a possibilidade de desenvolver a prática, percebe-se que tudo fica maravilhoso. A partir do meu lugar de fala, entendo que ensinar é a predisposição que temos para aprender.

Diferenças entre as pessoas são fatores que me impulsionam a continuar. Porque, como diz o mestre Mário Sérgio Cortella: “O conhecimento serve para encantar as pessoas, não para humilhá-las.”

Como funciona, então?

Estimular o processo de aquisição do conhecimento torna cada etapa mais especial. Reconhecer “códigos e signos” possibilita ao aluno uma visão ampla de mundo, além de construírem suas próprias identidades e relações sociais.

Para “ilustrar” este artigo:

Uma caixa de papelão pode ser muita coisa no aprendizado em construção. Basta enxergar além dos limites e não ter medo de usar a imaginação!

“O olhar do professor tem o poder de fazer a inteligência de uma criança florescer ou murchar.” (Rubem Alves)

Bora “pensar fora da caixa “?

A saber:

*Os ESTILOS identificados por Gardner são:

  1. corporal-sinestésico: que tem habilidades físicas e utiliza a expressão corporal para interagir;
  2. espacial: com percepção visual aguçada e facilidade para criar imagens mentais;
  3. existencial: capaz de refletir sobre a existência da vida por uma perspectiva filosófica;
  4. interpessoal: que busca a interação com outras pessoas e tem grande capacidade de empatia;
  5. intrapessoal: com autoconhecimento elevado e personalidade introspectiva e solitária;
  6. linguístico: que tem facilidade em se expressar com palavras, tanto verbalmente quanto na escrita;
  7. lógico-matemático: capaz de discernir padrões numéricos e lógicos com facilidade;
  8. musical: com habilidade aguçada para distinguir ritmos, timbres e composições musicais;
  9. natural: que se identifica com os elementos da natureza e do meio ambiente.

 

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