Cultura do “não dá nada” e irresponsabilidade causam aumento nos casos de covid-19 na região, segundo especialistas

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Desrespeito e falta de amor ao próximo. É isso que estamos vendo por todo o Brasil desde o início de Dezembro e que se intensificou durante as festas de final de ano. E aqui no Estado e na região não foi muito diferente. No primeiro Berlinda News Entrevista de 2021, o Procurador Geral do Hospital Centenário, Maicon Barbosa e o virologista e professor de mestrado em Virologia, da Feevale, Fernando Spilki fizeram um panorama e previsões assustadoras sobre a pandemia de covid para as nossas cidades do Vale dos Sinos, em especial, São Leopoldo.

Na manhã desta segunda-feira, 4, o Hospital Centenário tinha, por exemplo, 67% dos leitos de UTI da Área Covid ocupados e 16 dos 31 leitos da enfermaria da mesma área, também em ocupação, segundo o Procurador Geral do HC, Maicon Barbosa. Os números, a primeira vista, podem não parecer tão assustadores, mas de acordo com o virologista Fernando Spilki, o pior ainda está por vir e não vai demorar muito para chegar. “Por conta dos festejos de final de ano e dos feriados, muitos testes ficaram sem resultado e muitas pessoas não procuraram um atendimento para saber o diagnóstico. Ou seja, teremos uma recuperação desses dados verdadeiros esta semana, porque houve essa redução de testagens. A curva vai aumentar e o efeito final de ano não se refere só às festas, mas à toda mobilidade crescente, ao encontro das pessoas de diferentes localidades no litoral”, explicou.

A preocupação é grande, já que antes mesmo do Natal, o número de novos diagnósticos de covid-19 na região do Vale dos Sinos já estava em crescente evolução. Conforme Spilki, o pico da curva na semana do Natal foi de 3,6 mil novos casos, enquanto que no final de julho o pico havia sido de 1.942 novos casos. “Ou seja, praticamente dobramos a cura. A situação nesta segunda onda é muito diferente de julho e agosto, porque ela tem um número de casos mais altos. Nós estamos em uma cursa ascendente muito forte. o que preocupa é que nós tivemos na semana de natal um número de casos novos muito alto e obviamente isso acabará se refletindo nas próximas semanas em ocupação hospitalar”, ressaltou o virologista.

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Maicon Barbosa, Procurador Geral do Hospital Centenário

Para Maicon Barbosa, é lamentável ver a situação em que a pandemia chegou no país em pleno verão. “A pandemia, ao passo que está, parece que está pior do que quando tivemos o auge em agosto. É lamentável que estejamos em dezembro, que não é inverno, e sim, em pleno verão, com uma alta significativa. infelizmente, quando montamos a área covid no Centenário, nós imaginamos que nesta época já estaríamos desmontando e não foi o que aconteceu”, afirmou ele que orientou: quer aglomerar, aglomera, mas depois permaneça 15 dias, pelo menos, em quarentena. “Já que vc foi para a praia, já que aglomerou, já que por algum motivo você se colocou em numa situação de exposição de risco, quando você volta para sua cidade de origem, para preservar a estrutura que temos montada e que não é pequena para o covid, faça a quarentena voluntária. Fique em casa pelo menos 15 dias para que vc não saia pela cidade disseminando o vírus. Cuide dos teus idosos, dos teus pais, das pessoas que estão a tua vontade, porque se não tivermos esse zelo pela vida nesse momento, eu lamento em dizer, mas nenhuma estrutura de saúde local da região vai dar conta. Porque um câncer nós não podemos evitar, mas o covid nós podemos.”

O virologista Fernando Spilki concorda com a auto-quarentena sugerida pelo Procurador Geral do Hospital Centenário. “Essa atitude seria o ideal. Se todo individuo que achou que foi exposto, se preocupasse em se reservar, seria o ideal e se possível, quarentenar por 15 dias. Procurar proteger principalmente as pessoas idosas ou com doenças crônicas. Isso nos ajudaria bastante, mas o brasileiro não muda.”

Tanto para Maicon Barbosa como para Fernando Spilki, a culpa maior é da população que não cuida de si mesma. “Estamos vendo muito a filosofia do ‘não dá nada'”, alertou Fernando e Maicon completou: “As pessoas foram sim, irresponsáveis.”

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