A segurança da população que vive na extensão da Bacia Hidrográfica do Sinos (35 municípios) depende da decisão técnica e coletiva dos prefeitos, sem qualquer viés político. Isso significa a contratação de um órgão para o gerenciamento e financiamento de toda a bacia, mais ou menos nos moldes do extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS). Assim como diretor da promotoria pública de São Leopoldo, promotor Ricardo Rodrigues, prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, é a opinião do doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Instituto de Pesquisa Hídricas (IPH) da UFRGS, Fernando Dornelles, convidado desta quinta-feira (27) no Berlinda News Entrevista.
O professor Fernando conhece o sistema de proteção à enchentes de toda a bacia em todos os períodos do ano, de cheia, estiagem, inverno, verão. Mas a última visita ao sistema, na área de São Leopoldo, foi após o desastre, junto com outros colegas do IPH e técnicos da Prefeitura para avaliar a situação atual.
Queda e velocidade da água
No João Corrêa temos dois fenômenos. O dique tem um ponto mais baixo e foi nesse local que começou a extravasar provocando uma situação de extremo perigo pela velocidade da água porque de um lado tem o dique e do outro o polder seco. Tem uma queda de água muito grande e muita energia capaz de arrastar, pode provocar a erosa da sedimentação que é a composição do dique. É como abrir muito uma torneira.
Casa de bombas e dique
“O que pode ter contribuído para o colapso naquele ponto (João Corrêa) é o fato da Casa de Bombas estar consolidada no maciço do dique. A parede da casa de bombas está colada no dique criando a interface entre a alvenaria, concreto e a terra, argila que compõe o dique ali pode ter um caminho preferencial para a água.”
Obra estruturante
“Temos que classificar em dois tipos de fenômenos. Onde houve falha do sistema que colapsou e teve a ruptura e outro onde o dique está mais baixo e o nível do rio foi superior ao dique. São dois tipos de problema. Onde houve a ruptura nas duas casas de bomba precisamos levar em conta o aspectos geotécnicos, estruturais hidráulicos. Aqui o deve ser feito é obra. Onde o dique é mais baixo tem que elevar, obra estruturante para recompor, reforçar a estrutura”
Vertedor controlado
“Estamos numa época de mudanças climáticas por isso temos que planejar um polder escolhendo o ponto onde a água começa a entrar porque esses eventos podem vir piores. Por isso precisamos pensar como o sistema vai funcionar se o rio chegar na cota 8,5 metros, por exemplo, aí os nossos diques todos vão extravasar. Criando um ponto mais baixo criando um vertedor protegido com concreto e a água do rio vai verter pra dentro da cidade, mas de forma controlado. Estaremos monitorando e saberemos onde começa a extravasar e conseguimos nos preparar melhor começando a evacuar quem está mais próximo desse ponto”.
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