Vermelha. Esta é a cor do Rio Grande do Sul neste momento em relação à pandemia do coronavírus. Informação que deve nos fazer pensar sobre afinal, o que é importante? Para responder essa e outras perguntas, o Berlinda News Entrevista teve como convidado na manhã desta segunda-feira, 30, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e professor de mestrado da Feevale, Fernando Spilki. Segundo ele, a situação nesse momento é de extrema preocupação e é importante que cada um faça sua parte para que não haja uma piora maior ainda. “A situação é bastante preocupante. Estamos vivendo um momento crítico, estamos com números muito elevados e piores, inclusive, do que aqueles que vivenciamos em Agosto”, afirmou.

Neste domingo, conforme informações passadas pelo Hospital Centenário, dos 16 leitos de UTI da área covid, 11 estavam ocupados, mas na última sexta-feira, 27, apenas um leito estava vago, ou seja, uma ocupação quase total. Diante de tal cenário, Spilki acredita que a flexibilização foi a principal culpada e prevê que dias piores estão para chegar em breve. “A série de flexibilização com níveis altos de circulação do vírus nos coloca em face à um final de ano muito difícil. Até digo para as pessoas mais prudentes para repensarem a dinâmica das festas de final de ano, porque a tendência é de se agravar bastante até o o final de Dezembro. Esses dados de UTI são preocupantes, mas é necessário chamar a atenção sobre dados futuros. No pico da doença nós tivemos na região do Vale dos Sinos cerca de 1940 casos, em 17 Julho. Semana passada tivemos 2500 novos casos. Isso indica que daqui a sete dias teremos dificuldades com internações”, ressaltou ele que alertou: “Chegamos ao pico. O que calculávamos em Julho, já sobrepujamos.”
Uso da máscara
Ações básicas e primárias como usar a máscara constantemente e higienizar as mãos com álcool em gel sempre que necessário são, de acordo com Spilki as melhores para evitar a contaminação e assim, reduzir a médio prazo a circulação do vírus. É necessário, porém, fazer dessas ações um hábito, assim como, ter consciência. “A máscara é fundamental, importantíssima. O que não podemos é ter a confiança exagerada pensando que podemos fazer algumas atividades sem máscara. Temos que fazer todas as atividades com máscara, não há escolha. Mas precisamos pensar no tipo de atividade que estamos realizando, isso porque a transmissão é multifatorial. o indivíduo que estiver excretando o vírus em uma carga muito alta, em um ambiente fechado com pessoas muito próximas, mesmo com a máscara, pode haver algum escape. Além disso, existem tipos de eventos que as pessoas vão tirar a máscara por um período prolongado e o tempo de exposição é importante. Nós não estamos cuidando nada disso.” Sendo assim, aderir ao isolamento desde já é importante para manter a segurança sanitária. “O isolamento horizontal, onde só os idosos ficam em casa, é a mesma coisa que fazer xixi no canto da piscina, uma hora espalha. Isso foi inventado por alguém que não conhece o processo. O medo que temos agora, diante da vontade de todos em manter as atividades normais, pode estar próximo do momento em que tenhamos que ficar novamente em isolamento extremo.”
Vacinação
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, todas as vacinas que estão sendo desenvolvidas têm um nível alto de resposta à imunização. “O problema é quando vão chegar essas vacinas, mas ao que tudo indica deveremos iniciar a vacinação no início do segundo trimestre, lá por março/abril. Não terá vacina para todo mundo primeiramente. Precisaremos continuar tendo uma série de cuidados porque não conseguiremos vacinar todos ao mesmo tempo e ainda estão pendentes testes em crianças e adolescentes. Por isso, esse grupo só deverá ser vacinado no final de 2021, início de 2022.”