O caso da pequena Alice que nasceu no Hospital Centenário no dia 8 e faleceu um dia depois no Hospital Conceição, em Porto Alegre, continua repercutindo. No programa Tá na Hora desta sexta-feira (11), o pai da bebê e morador do bairro Feitoria, Cristian, entrou ao vivo e muito abalado e emocionado, e conversou com Juliano Palinha e Marco de Brito.
Segundo ele, a esposa foi ao Centenário na segunda-feira (7), às 18h30 para uma avaliação e na tentativa de fazer uma ecografia, já que o SUS não havia solicitado o exame. “A equipe médica viu que ela estava com um pouco de dilatação e não quis fazer a eco porque ninguém sabia mexer no aparelho, mas continuamos lá porque minha esposa estava com um pouco de dor nas costas”, relatou ele.
Ainda de acordo com o pai da criança, o tamanho da barriga da esposa, que é diabética, já dava sinais de que não seria possível fazer o parto normal. “A barriga estava muito grande. Era nítido pelo tamanho da barriga que seria necessária uma cesária.”
O casal passou a noite no Hospital Centenário e na terça-feira (9) de manhã a equipe médica iniciou a indução do parto, conforme Cristian. “Eles começaram a forçar. Eu estava implorando para fazerem a cesária. Virou uma cena de guerra. Pularam em cima da minha esposa, tentaram colocar o pouco da bebê que havia saído pra dentro, aí levaram minha esposa para outro local e não vi mais nada.”
Em nota, a assessoria de comunicação do Hospital Centenário afirmou que a recém nascida foi transferia para o Hospital Conceição, em Porto Alegre, “com estrutura de alta complexidade”. Já a mãe, até a manhã desta sexta, seguia internada em São Leopoldo.
A notícia
Cristian também contou que ainda conseguiu ver a filha viva, ao contrário da mãe. “Fui a Porto Alegre e ela ainda abriu os olhos pra mim, mas logo depois faleceu”, contou ele muito abalado com a situação.
O pai, recebeu apoio psicológico no Hospital Conceição que orientou a ele mesmo dar a notícia para a mãe da Alice. “Foi bem difícil. Não tive apoio psicológico no Centenário, nada. Não tem explicação.”
Justiça
Cristian já fez um boletim de ocorrência e assim que conseguir, vai procurar um advogado para orientação. Enquanto isso, ele e a família tentam lidar com o luto repentino. “Eu estou sem chão, não caiu a ficha ainda, depois de ontem ter que levar minha filha no caixão no colo para o sepultamento. E a primeira vez que peguei a minha filha ela já estava morta. Eu estou passando por isso, agora imagina minha esposa que nem pode ver o rostinho dela? É uma coisa horrível.”
Conforme o delegado André Serrão será instaurado um inquérito policial para apurar as circunstância da morte da criança. “Vamos intimar os profissionais da saúde envolvidos no atendimento para prestar esclarecimentos, bem como requisitar as documentação”.
NOTA
“O Hospital Centenário informa que todos os procedimentos adotados no atendimento aos seus pacientes levam em conta protocolos em saúde. O caso referido teve atendimento de uma equipe médica pela complexidade do parto e especificidade da paciente e bebê. O bebê foi transferido para hospital de Porto Alegre com estrutura de alta complexidade e o Hospital Centenário segue prestando assistência a família. Foi registrada ouvidoria junto instituição hospitalar, que será analisada e caso necessário serão adoradas todas as medidas cabíveis. O Hospital Centenário reforça seu papel no atendimento ao cidadão”.
PRONUNCIAMENTO
No final da tarde desta quinta-feira o prefeito Heliomar Franco publicou um vídeo sobre o caso. Nele, o prefeito diz que o caso será investigado, os profissionais envolvidos neste caso, não farão mais atendimento e irá responsabilizar se for provado que houve erros. “Já conversei com o presidente do Hospital Centenário e determinei a suspensão do atendimento daquelas pessoas que estavam envolvidas com esse fato, teremos uma outra equipe e estamos providenciando todo o atendimento psicológico e material para que essa família tenha o amparo. Lamentamos muito esse fato triste”.