É impossível adjetivar o tamanho das Fernandas. Hoje o mundo sabe quem é a criadora e a criatura. Mas eu sei o tamanho, a força, a dor da leopoldense Sônia Haas (e família), aquela que morava na esquina da Marquês do Herval com a João Corrêa, hoje um hotel.O filme Ainda Estou Aqui é a história da família de Idelfonso Haas e Ilma Linck, falecidos em 1989 e 2001 sem fazer o enterro do filho João Carlos Sobrinho.
Foi na esquina no Centro de São Leopoldo que cresceu João Carlos Haas Sobrinho, médico conhecido na história como Dr. Juca, uma das vítimas da ditadura militar que a família nunca conseguiu sepultar os restos mortais. Ele teria sido morto em 30 de setembro de 1972, porém a família só soube em 1979.
Desde então Sônia Haas luta para encontrar os restos mortais e principalmente o que foi feito, trabalhando pelo Brasil para refazer todos os passos do irmão, colher depoimentos o que resultou no documentário Dr. Araguaia que teve o pré-lançamento em novembro, aqui em São Leopoldo. Ainda faltam respostas e mais produções para que ninguém esqueça do perigo que alguns chamam de “regime” e argumentam que havia ” segurança para sair à noite “. A pergunta é quem ousava sair à noite?
O que diz Sônia Haas
” Nossa, foi muito emocionante assistir ao anúncio do Melhor Filme Estrangeiro! Pelo reconhecimento ao cinema brasileiro, e pelo tema, que traz à tona uma face árdua da DITADURA MILITAR no Brasil, que é o sofrimento dos familiares de desaparecidos, pouco conhecida pela população brasileira. Nós lutamos desde os primeiros dias dos desaparecimentos, por décadas pesquisamos, coletamos depoimentos, gritamos por justiça, é uma luta densa de inúmeros desafios e poucas conquistas. E o filme está nos ajudando muito, no sentido de sensibilizar o público e até as autoridades governamentais”.
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