Iniciada na última quarta-feira (20), a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher promove ações até o dia 10 de dezembro. A mobilização ocorre anualmente e destaca datas importantes como o Dia da Consciência Negra e o Dia Internacional dos Direitos Humanos, buscando conscientizar a sociedade sobre a necessidade de combater todas as formas de violência de gênero.
Para discutir o tema, o programa Berlinda Entrevista recebeu, na quinta-feira (21), a secretária municipal dos Direitos da Mulher, Eliene Amorim, a presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, Sueli Lopes, e a soldada Andréia de Oliveira Bastião, da Patrulha Maria da Penha do 25º BPM.
Dados alarmantes no RS e em São Leopoldo
De acordo com o Observatório Estadual da Segurança Pública, os dados registrados entre janeiro e outubro de 2024 no Rio Grande do Sul incluem:
- Feminicídios consumados: 53
- Tentativas de feminicídio: 192
- Ameaças: 25.550
- Estupros: 1.866
- Lesões corporais: 15.042
Já em São Leopoldo, no mesmo período, foram contabilizados:
- Feminicídios consumados: 4
- Tentativas de feminicídio: 4
- Ameaças: 452
- Estupros: 31
- Lesões corporais: 338
Políticas públicas e acolhimento às vítimas
A secretária Eliene Amorim destacou a importância do trabalho preventivo e do fortalecimento das redes de apoio. “Nosso foco é o feminicídio zero. Hoje, o Centro Jacobina oferece atendimento integral com psicólogas, assistentes sociais e advogados, funcionando de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, sem fechar ao meio-dia. À noite, disponibilizamos atendimento telefônico para emergências”, afirmou.
O município também conta com uma casa de acolhimento, em parceria com uma universidade, onde as mulheres e seus filhos podem permanecer em segurança. “Prevenir é chegar antes da violência, mas isso exige um trabalho integrado com os homens, que também participam de programas de reeducação”, completou Eliene.
A importância dos dados e da legislação
Sueli Lopes ressaltou que as políticas públicas precisam ser baseadas em números para serem eficazes. “Sem dados, não há como construir estratégias. Atualmente, temos cerca de 400 medidas protetivas ativas em São Leopoldo e, até o final do ano, serão realizadas 1.700 audiências relacionadas à violência doméstica”, informou.
Ela também destacou os avanços conquistados desde a criação da Lei Maria da Penha, há 18 anos. “Nosso trabalho é garantir que a legislação seja aplicada e que as mulheres conheçam seus direitos. O Centro Jacobina é a porta de entrada para isso”, enfatizou.
Empatia no atendimento policial
A soldada Andréia Bastião, da Patrulha Maria da Penha, reforçou a importância de entender as dificuldades enfrentadas pelas mulheres em romper o ciclo de violência. “Muitas vezes, precisamos visitar a mesma casa várias vezes. É essencial demonstrar empatia e continuar oferecendo apoio, mesmo que a vítima hesite em denunciar”, destacou.
Andréia também apontou os desafios que surgiram durante a enchente que afetou a região. “Muitas mulheres voltaram a conviver com seus agressores por necessidade, o que resultou em novos episódios de violência. Precisamos estar sempre disponíveis para apoiar essas mulheres e garantir que as medidas protetivas sejam cumpridas”, afirmou.
Confira a entrevista completa:
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