Duas semanas após matéria da Berlinda sobre remédios doados na enchente “guardados” em um prédio púbico na rua General Osório, no bairro Cohab-Duque, sem as condições obrigatórias de armazenamento, estão sendo retirados nesta manhã de terça-feira-feira (10) para descarte. A Prefeitura contratou uma empresa licenciada para o transporte e descarte dos medicamentos que estavam no local desde a enchente de 2024.
Após matéria da Berlinda o promotor, diretor do Ministério Público de São Leopoldo, Ricardo Rodrigues, abriu processo investigativo e está ouvindo pessoas do governo anterior e do governo atual para entender porque os medicamentos foram levados para o local e não foram usados ou descartados antes.
“Conforme processo de contratação, hoje é a data que foi agendado para retirada de medicamentos. Conforme orientação técnica, toda medicação deve ser descartada”, explicou a secretária municipal de Saúde de São Leopoldo, Kelbe Gonçalves Rodrigues.
Entenda o caso
Secretário municipal de Saúde até agosto de 2024, Júlio Dornelles sabia do espaço usado como depósito. “Tivemos que guardar medicamentos em vários locais porque não havia onde guardar até conferir um a um para saber o que poderia ser usado na rede municipal. Confesso que me surpreende o fato de ainda estar lá”, diz Júlio que se licenciou para concorrer a prefeito em Gramado. Após a eleição retornou à Prefeitura (é servidor de carreira) e assumiu uma função de assessoria no gabinete do prefeito Vanazzi.
Fora da lista básica do SUS
A odontóloga Paula Silva (servidora do quadro) que foi secretária de Saúde de agosto até dezembro de 2024, trata a questão de forma técnica. Reafirma a quantidade de medicamentos que chegaram como doação, porém nem todos liberados para usar na rede municipal de saúde ou na distribuição direta para as pessoas. ” Selecionamos as doações de acordo com o que é de uso no SUS e fizemos a destinação. O que ficou é porque estava vencido ou não teria uso dentro do que é preconizado pelo SUS”.
A farmacêutica e atual diretora da Farmácia Municipal, Fabiana Ribeiro, diz que os medicamentos não passaram pela assistência farmacêutica. “Quando nos chamaram fomos lá pessoalmente e verificamos que a maioria daqueles remédios doados não tinha uso no município porque não fazia parte da lista básica, além da validade estar muito curta (prestes a vencer). O que foi possível usamos e remanejamos para outros locais, porém a maioria já estava com prazo expirando. Além disso o armazenamento naquele local era totalmente inadequado para podermos garantir a distribuição com garantia aos munícipes .Distribuir medicamentos sem a qualidade assegurada e a devida prescrição é um risco para a saúde da população”, observa Fabiana.
Descarte
A secretária de Saúde, Kelbe Gonçalves, disse à época da matéria (22/5) que sabia da situação assim como outros integrantes do governo e a pasta estava providenciando a contratação da empresa para o descarte com custo estimado de R$ 20 mil.