Neste sábado pela manhã recebemos uma mensagem dos familiares da dona Cecília Pacheco Martins, de 77 anos. Moradora do bairro São Borja, dona Cecília está internada no Hospital Centenário desde o dia 30 de novembro. Conforme a família, ela foi internada para realização de uma biópsia no pulmão, por meio de uma cirurgia a laser. Após, daria início ao tratamento. O problema, como vocês poderão ler abaixo, é que até agora ela não fez a tal cirurgia.
Boletim de Ocorrência
Ontem, de acordo com a neta Daiele, dona Cecília se ajoelho-se no quarto e pediu ajuda a Deus. Já a família foi além, registraram um Boletim de Ocorrência na Polícia.
Até quando?
O caso da dona Cecília não é o primeiro e nem será o último, infelizmente. A saúde no Brasil está na UTI faz muito tempo. Porém, quando vejo esses casos, lembro da entrevista que fizemos com o prefeito Ary Vanazzi, logo após sua reeleição. Ele disse que daria prioridade a saúde e queria melhorar o acolhimento na ponta. Ou seja, as pessoas serem melhores atendidas quando procurassem o hospital ou unidades de saúde. Parece, pelo relato da família da dona Cecília, que terá que melhorar ainda esse tema.
Desafio diário
Conheço alguns profissionais do Hospital Centenário. São excelentes. Dedicados e comprometidos com a profissão. Quem trabalha na saúde, seja no HC ou em qualquer unidade, vive um desafio diário. Infelizmente casos como o da dona Cecília põe em cheque todo o ótimo trabalho que ocorre em outras áreas. Portanto precisa melhorar, mas precisamos entender que nem tudo é ruim.
O que diz o Hospital
Após receber o relato e conversar com familiares, fiz contato com a presidente do Hospital Centenário, Lilian Silva. Ela disse que ficou sabendo do caso hoje pela manhã e já fez contato com os coordenadores médicos. Deixou claro que inadmissível ser cancelado três vezes um procedimento já que o Hospital Centenário tem tudo para atender bem um paciente. “Primeiramente é um desrespeito com paciente e familiares quando acontece esse casos, pois temos tudo para atender bem. Semanalmente peço relatório dos cancelamentos cirúrgicos, e o nome desta paciente nunca apareceu. Então estou vendo o que ocorreu. Mas independente disso já pedir para os coordenadores médicos providenciarem esse procedimento”, afirmou. A presidente não quis se comprometer com o dia e horário que ocorrerá a cirurgia, mas deve ocorrer na segunda-feira.
Relato da família
Venho, por meio deste relato, compartilhar a angústia e o sofrimento que eu e minha família estamos vivenciando nas últimas semanas, bem como manifestar nossa completa INDIGNAÇÃO com o atendimento prestado pelo Hospital Centenário. Ou melhor, com a falta de atendimento!
Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que os fatos narrados são apenas um breve resumo de tudo que aconteceu, sem contar, por exemplo, todo o sofrimento vivido durante os dias numa maca, alocada de forma totalmente precária, no meio da emergência.
Pois bem, minha mãe, Cecília (77 anos), encontra-se internada, desde o dia 30/11/2022, para realização de uma biópsia no pulmão, por meio de cirurgia a laser, com a finalidade de comprovar o resultado de exame anterior (que não teria ficado claro), e, com isso, dar início ao tratamento necessário.
Inicialmente, o procedimento estava agendado para o dia 02/12/2022 (sexta-feira). Ocorre que, neste dia, fomos informados de que o ANESTESISTA TERIA IDO VIAJAR, razão pela qual a cirurgia não ocorreria. Sim, o anestesista foi viajar e NÃO HAVIA NINGUÉM PARA SUBSTITUÍ-LO!
O procedimento, então, ficou reagendado para a sexta-feira seguinte (dia 09/12). Na véspera, minha mãe não conseguiu dormir, pois passou a noite angustiada e sofrendo com a expectativa da cirurgia, que, já adianto, não ocorreria.
Após uma noite de muita apreensão, já no dia 09/12, às 6h30min, minha mãe, acompanhada da minha irmã Marisa, foi levada para o bloco cirúrgico. Lá ambas permaneceram até por volta das 9h30min (QUASE TRÊS HORAS DE ESPERA), quando foram informadas de que O MÉDICO TERIA FICADO DOENTE E NÃO ESTAVA NO HOSPITAL. PELA SEGUNDA VEZ, NÃO HAVIA NINGUÉM PARA SUBSTITUÍ-LO, E A CIRURGIA FOI CANCELADA.
Neste momento, foi oportunizado que minha mãe recebesse alta e aguardasse, em casa, até ontem (15/12/2022), quando baixaria para o procedimento hoje (sexta-feira, 16/12). Porém, conversando em família, e, sobretudo, ouvindo minha mãe – pessoa mais atingida com todo este descaso – decidimos permanecer no Hospital, visto que a saída envolveria NOVA PASSAGEM PELA EMERGÊNCIA, e, na bagagem, horas sentadas numa cadeira, aguardando liberação de leito/quarto.
Durante uma semana, depositamos a confiança de que o procedimento finalmente ocorreria nesta data (16/12), sem imaginar o que estava por vir.
Então, hoje, após outra noite difícil, às 6h30min, ela foi encaminhada para o bloco cirúrgico, onde permaneceu com minha irmã, até por volta das 12h, quando foi informada de que a cirurgia estava CANCELADA. Desta vez, a justificativa foi de que o médico teria realizada uma cirurgia de urgência (entre às 9h30min e 11h30min) e, posteriormente, teria outro compromisso.
Durante mais de CINCO HORAS, minha mãe e minha irmã aguardaram no bloco cirúrgico, sem qualquer informação. Sem que ninguém fosse capaz de comunicá-las sobre o cancelamento.
Nosso questionamento é o seguinte:
ATÉ QUANDO? Até quando seremos feitos de palhaços?
Aparentemente, idosos não são prioridade para o Hospital Centenário.
Tratamento prioritário? Só no papel.
E assim seguimos, sem expectativa de realização do procedimento, sem expectativa de diagnóstico, sem expectativa de tratamento …
Mais de 2 litros de líquidos drenados do pulmão, sem diagnóstico. Sem tratamento.
Lamentável.