DESPERDÍCIO: Remédios doados na enchente, parte vencidos, estão jogados em prédio público à espera do descarte

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Caixas de medicamentos doados durante a enchente estão empilhados em um prédio público (desocupado) sem as mínimas condições de conservação. A maior parte está vencida como constatou o jornalista Juliano Palinha, ontem (22) após informação anônima que o local serve de “depósito” da medicação desde o ano passado. Além do desperdício existe o risco de invasão no prédio e furto dos remédios impróprios para o uso por conta do prazo de validade e da falta de conservação que não cumpre as normas obrigatórias.

O que chama atenção é que pessoas do governo anterior e do atual tem conhecimento da situação irregular. . “Sabia que isso ainda daria problema, avisei várias vezes”, diz uma fonte que prefere não se identificar. Conforme as pessoas ouvidas pela reportagem, na  enchente a doação  de medicamentos  superou  os locais adequados para armazenamento. Lembrando  que várias UBS, a própria Farmácia Municipal no ginásio Celso Morbach ficaram com água por mais de duas semanas.

Falta de espaço físico adequado, o curto prazo de validade  e as normas para o uso dos remédios de acordo com o SUS são apontados como motivadores para a situação. Porém nada justifica o cenário do local, um ano após a enchente. Os remédios já deveriam ter sido corretamente descartados. E isso vale para os dois governos, seja para quem encerrou o mandato em 31 de dezembro de 2024 e  para quem assumiu em janeiro de 2025,  porque a única solução é o descarte.

Secretário municipal de Saúde até agosto de 2024, Júlio Dornelles sabia do espaço usado como depósito. “Tivemos que guardar medicamentos em vários locais porque não havia onde guardar até conferir um a um para saber o que poderia ser usado na rede municipal. Confesso que me surpreende o fato de ainda estar lá”, diz Júlio que se licenciou para concorrer a prefeito em Gramado. Após a eleição retornou à Prefeitura (é servidor de carreira) e assumiu uma função de assessoria no gabinete do prefeito Vanazzi.

Fora da lista básica do SUS

A odontóloga Paula Silva (servidora do quadro) que foi secretária de Saúde de agosto até dezembro de 2024, trata a questão de forma técnica. Reafirma a quantidade de medicamentos que chegaram como doação, porém nem todos liberados para usar na rede municipal de saúde ou na distribuição direta para as pessoas.  ” Selecionamos as doações de acordo com o que é de uso no SUS e fizemos a destinação.  O que ficou é porque estava vencido ou não teria uso dentro do que é preconizado pelo SUS”.

A farmacêutica e atual diretora da Farmácia Municipal, Fabiana Ribeiro, diz que os medicamentos não passaram pela assistência farmacêutica. “Quando nos chamaram  fomos lá pessoalmente e verificamos que a maioria daqueles remédios doados não tinha uso no município porque não fazia parte da lista básica, além da validade estar  muito curta (prestes a vencer). O que foi possível usamos e remanejamos  para outros locais,  porém a maioria já estava com prazo expirando. Além disso o armazenamento naquele local era totalmente inadequado para podermos garantir a distribuição com garantia aos munícipes .Distribuir medicamentos sem a qualidade assegurada e a devida prescrição é um risco para a saúde da população”, observa Fabiana.

Contrato específico

Conforme Fabiana Ribeiro, para o descarte dos medicamentos é necessário um contrato específico após a licitação. “Há dois meses está acontecendo o processo com uma empresa de Cachoeirinha”, diz. A empresa é  uma das únicas do Estado com licença da Fepam para a incineração. Antes disso é  feita a coleta, transporte, tratamento e destinação de resíduos dos serviços da saúde, eliminando riscos de contaminação e impacto ambiental. Todo o processo segue rigorosamente as normas e legislações ambientais.

Descarte

Procurada a atual  secretária de Saúde, Kelbe Gonçalves, admite que sabia da situação assim como outros integrantes do governo. Destaca o processo para contratação da empresa para o descarte com custo estimado de R$ 20 mil.

 

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