A vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade está em debate por vários aspectos: se deve ser obrigatória; se os pais devem decidir; se é necessário prescrição médica e inclusive se deve ser aplicada ou não, debate específico entre profissionais da saúde e especialistas. A Berlinda, através da rádio e site, ouviu dois profissionais da área sobre a vacinação em crianças.
Werner Carvalho, pediatra
“Como pediatra não estou muito convicto da necessidade da vacina. Se meus filhos fossem pequenos não sei se faria, isso levando em conta que a gravidade da covid em crianças é muito difícil. Como médico recebo vários artigos científicos sobre o assunto, inclusive sobre a imunidade cruzada, aquela gerada por outros coronavírus menos agressivos e que tem uma incidência especial nas crianças. Sobre efeitos colaterais, existem alguns casos de miocardite. Mas não sou contra nenhum tipo de vacinação. Porém, sobre o argumento que as crianças transmitiriam mais, desde setembro, com a volta às aulas não teve um aumento de casos por transmissão pelas crianças.”
Virologista e professor da Feevale, Fernando Spilk
“É antes de tudo necessária. A vacinação de crianças é importante, especialmente no caso do Brasil por alguns motivos:
- O Brasil teve até hoje um número muito acima da média de casos, internações em óbitos em crianças, ao redor de 10X mais internações que outros países, então aqui a vacinação já seria importante mesmo para proteger diretamente as crianças;
- as crianças, assim como adultos, podem transmitir o vírus mesmo sem sintomas, a vacinação entraria para reduzir esse problema;
- está já bem claro que no cenário da variante ômicron altas taxas de vacinação abrangendo o maior contingente possível da sociedade é fundamental. Nós felizmente temos um continente alto de idosos com vacinação de reforço – que parece ser decisiva para proteger de Ômicron- mas ainda há muitos adultos e adultos jovens que não receberam nem a segunda dose, então vacinar as crianças aumentaria esse “escudo” de proteção até que todos estejam vacinados. Lembrar ainda que em países e áreas com vacinação mais alta, a onda de ômicron tem se caracterizado por um elevado número de casos em crianças, justamente porque é ainda o fruto menos vacinado.”