Por qual motivo (s) as vereadoras governistas, experientes e articuladas, Ana Affonso (PT) e Iara Cardoso (PDT) permanecem caladas durante as sessões virtuais da Câmara de Vereadores de São Leopoldo? O fato de não ocuparem a função de líderes do governo poderia explicar, mas não convenceria.
Pelo acordo no final de 2016, entre as lideranças governistas, em 2020 a presidência seria do PT, leia-se Ana Affonso. Foi assim até o final do ano passado, quando uma decisão construída no sétimo andar entendeu que alguém deveria “ceder”. O alguém também foi definido pelo sétimo andar em nome de governabilidade e segurança para o Executivo. O restante do assunto é a atual presidência.
Além disso, a vereadora Ana – quarto mandato incluindo deputada estadual – tem pela frente uma disputa difícil em 4 de outubro. E a dificuldade é de casa. A pré-candidatura do ex-secretário Marcel Frison, da mesma corrente, Articulação de Esquerda (AE), refletirá diretamente nos nichos eleitorais da vereadora. Lembrando ainda que Marcel Frison é a “novidade” do PT nas urnas.
Iara Cardoso teve um pedido negado, quase ignorado do gabinete do prefeito sobre antecipação da primeira parcela do 13° de pensionistas e aposentados para 15 de maio. Mais que o não, pesou para a vereadora, não ter tido a oportunidade de debater a sugestão.
Quem conhece a pedetista sabe que não desistiria tão fácil de fazer um “afago” aos servidores municipais. O novo pedido ao prefeito Vanazzi é que ele interceda junto aos bancos estatais Banrisul, Bando do Brasil e Caixa para prorrogação por 90 dias a cobrança dos empréstimos consignados dos servidores ativos e inativos de São Leopoldo.
Também Iara Cardoso terá uma batalha interna dura em 4 de outubro. A densidade eleitoral do novo pedetista Adão Rambor exigirá muito dos demais candidatos para atingir a votação e garantir cadeira para o PDT.
Portanto, o silêncio de Ana e Iara poderia ser interpretado como recado ao governo ou simplesmente a forma de externar a contrariedade por decisões do sétimo andar, que as afetam diretamente. Isso é o que as vereadoras podem achar.
Para o governo, a preocupação é com o que pode “afetar” o prefeito Vanazzi e o governo como um todo. Usando uma expressão popular, “ao fim e ao cabo”, mesmo caladas e contrariadas, nem Iara e nem Ana, farão qualquer coisa que vá além do silêncio ou “cobranças” internas, sem que isso possa permitir que a oposição use a atitude contra o governo.