Eu era um metidinho intelectual de pouca sola. Lia livros difíceis e desconsiderava o punk rock. Eu nem sabia o que era punk rock na verdade. Ouvia The Smiths, Legião, Talking Heads e lia a Revista Bizz (Nossa! Que culto!).
Eu tinha 13 anos e apanhava todo dia. Na escola. As pessoas que me espezinhavam , por acaso, ouviam Ramones. Uma coisa não tinha nada ver com a outra. Mas eu tinha 13 anos e tudo era dramático como Karatê Kid.
Minha revolta era não gostar dos Ramones. Sem ouvi-los. Mas então Stela chegou transferida de outra escola. Com nariz afilado e cabelo arrepiado. E eu me apaixonei. Stela era muito mais experiente que eu em tudo. Menos na arrogância intelectual. E ela amava Ramones. Tinha discos importados e tudo.
Em 1983/84 na Cohab Feitoria era a única, creio. E a paixão por Stela migrou para os Ramones. E assim, fui entender que a simplicidade tem uma beleza que rege o sol e alegra a sala de baile.
Mas guardei para mim essa admiração pela banda. Eu não podia dar o braço a torcer metaforicamente por que ele estava sendo torcido fisicamente por valentões.
