POR ELENILTO DAMASCENO: O tempo da história ou da narrativa literária

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Na prosa literária, a caracterização do tempo (assim como a do espaço) é um dos aspectos do nível descritivo do plano ficcional. O crítico literário, escritor, filósofo e sociólogo francês Roland Barthes classifica a caracterização do tempo como uma função integrativa do tipo “informação”, a qual contribui para a criação dos efeitos de realidade e de verossimilhança.

A conceituação e a noção de tempo podem levar a amplas discussões científicas, filosóficas, históricas, metafísicas e teológicas. A noção de tempo é uma construção humana a qual procura dar sentido à existência e tenta captar e expressar a extensão de um processo finito (o tempo da vida humana física e material, individual e coletiva) em uma escala de valor infinito (a atemporalidade que transcende a razão humana). No entanto, neste artigo sobre a representação do tempo na história ou na narrativa literária, essa questão será considerada a partir da proposição geral e simplificada de compreensão das noções de tempo configuradas em passado, presente e futuro, embora seja quase impossível, filosoficamente, aceitar a ideia de existência de um tempo presente, por representar um instante tão efêmero, instantâneo e rápido.

No plano da história ou da narrativa literária, a dinâmica temporal exerce a função de conexão entre causas e efeitos das ações, por referir à sucessão cronológica e ordenada dos eventos narrados.

O tempo da história ou da narrativa literária corresponde ao tempo objetivamente abrangido pelo enredo e é marcado e mensurado, com maior ou menor rigor, de forma exata ou imprecisa, por meio de referências convencionais. Segundo o crítico literário e professor paulista Massaud Moisés, “antes de tudo, o tempo [da história ou da narrativa] é linear, horizontal, ‘objetivo’, matemático, visível ao leitor mais desprevenido: este ‘vê’ a história desenrolar-se à sua frente, obediente a uma cronologia histórica definida. Mesmo quando tudo se inicia num ano incerto, percebe-se que […] tudo quanto vai preencher a história obedece a uma marcação temporal cronológica, […] como a enfatizar a coerência temporal da história”.

Portanto, o tempo da história ou da narrativa literária se refere à sequência de episódios enunciados no enredo. No entanto, a representação do tempo na prosa literária não se restringe apenas a essa dimensão do tempo da história ou da narrativa. Há ainda o tempo do discurso e o tempo psicológico, os quais serão assuntos para outros textos, para não tomar de ti, cara leitora ou caro leitor, demasiado tempo.

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