A missão internacional de emergência da Unesco visitou o Museu Visconde de São Leopoldo na manhã desta quinta-feira (18) para avaliação detalhada da situação do acervo e das próprias instalações do patrimônio cultural que permaneceu por 13 dias inundado. Os dois especialistas internacionais, a historiadora e arqueóloga Andrea Richards, de Barbados, e o socorrista cultural da Guatemala, Samuel Franco, irão elaborar um diagnóstico sobre o que viram no museu e irão propor ações para o resgate e a recuperação de arquivos, itens e coleções do patrimônio local. A comitiva visitou os espaços culturais em Porto Alegre, Muçum, Igrejinha,
A comitiva foi recebida pela voluntária e integrante da diretoria do museu, Ingrid Marxen. “Estamos no processo de limpeza e recuperação do acervo atingido com a ajuda de voluntários que estão há dois meses dentro do museu. Vamos reabrir no dia 25, que é a data oficial da chegada dos imigrantes alemães na cidade num espírito de solidariedade. O piano, por exemplo, não poderá mais ser usado porque ficou boiando na água e depois caiu de despedaçando, mas será o símbolo da enchente de 2024”, disse Ingrid à comitiva composta por integrantes da Unesco de Brasília, os especialistas e o diretor de Memória e Patrimônio da secretaria de Cultura do RS, Eduardo Hann. A diretora do Museu do Trem, Alice Benvenutti, e o coordenador do Sistema Municipal de Cultura, Marco Filipim, acompanharam a visita.
Conforme Mariana Salvatori, da Unesco, o diagnóstico dos especialistas será encaminhado ao museu e poderá ser usado para embasar ações e busca de recursos. A missão internacional é promovida com recursos do Fundo de Emergência do Patrimônio da UNESCO.
“Este fundo permitirá que a UNESCO e seus parceiros trabalhem em estreita colaboração com as comunidades locais para proteger e recuperar os tesouros culturais que são fundamentais para a identidade e a história destaa visita região. Nós estamos comprometidos em fornecer assistência pronta e eficaz para garantir que o patrimônio do Rio Grande do Sul seja preservado para as gerações futuras”, disse a diretora e representante da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
Os especialistas
Andrea Richards apoiou a gestão de crise em contextos de emergências culturais causadas pela mudança climática, assim como decorrentes do ciclone Freddy, no Malaui; do furacão Lisa, em Belize; do furacão Maria, na Ilha de Dominica, e do furacão Irma, nas Ilhas de Antígua e Barbuda.
Samuel Franco já atuou em emergências culturais em diversos continentes, é presidente do Conselho Internacional de Museus (ICOM) Guatemala, presidiu o ICOM América Latina e Caribe e é membro do Comitê Permanente do ICOM para Gestão de Riscos de Desastres.
Eneida Braga, especialista em gestão pública com foco em museus e equipamentos culturais, que tem grande experiência na defesa dos interesses dos museus brasileiros. Ela atuou no desenvolvimento da Política Nacional de Museus (PNM), na elaboração do Estatuto de Museus e na criação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), além de ser comissária titular do Patrimônio Cultural na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura.
Janaína Hirata, especialista em educação e gênero, com graduação em psicologia social e mestrado em educação e desenvolvimento internacional, que tem uma vasta experiência em contextos de crises prolongadas, com ênfase em situações de emergência, segurança escolar, apoio psicossocial (APS) e aprendizagem socioemocional (SEL) nas escolas.