Esteio tem Projeto Melhor em Casa, para atendimento a pacientes acamados

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Na última quarta-feira (27), a aposentada Maria Terezinha Souza, 79 anos, recebeu em sua casa, no Bairro Parque Amador, a visita da médica Camila Miyasaka, da enfermeira Lidiane Rosa, da técnica de enfermagem Luciana Teixeira e da nutricionista Sandra Paródia. Acamada desde agosto após sofrer uma queda e quebrar a prótese que tinha na perna esquerda junto ao fêmur, a idosa é atendida, ao menos uma vez por semana, por uma ou mais profissionais em sua própria residência.

Integrantes do programa Melhor em Casa, as servidoras da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) acompanham de perto como está o estado de saúde de Dona Terezinha. Elas auscultam coração, verificam a pressão arterial e batimentos cardíacos, se informam como está a alimentação da paciente e como está a cicatrização da cirurgia que ela precisou fazer para implantar uma outra prótese. A aposentada também recebe atenção de uma fisioterapeuta, que semanalmente realiza exercícios para que ela possa voltar a andar. “O atendimento delas é muito bom. Elas são uns anjos”, elogiou a senhora, entre um atendimento e outro.

Quem também aplaude o trabalho das “meninas” é Sinara Souza, 39 anos. Desde que a avó ganhou alta, ela deixou o trabalho de massoterapeuta para se dedicar aos cuidados de Dona Terezinha. “É perfeito o atendimento delas. Só tenho elogios. A família não teria como dar toda essa atenção a ela se não fosse esse programa. Seria muito difícil levar a médico, nutricionista, fisioterapeuta, porque ela sente muita dor. Ela sofreria demais cada vez que tivesse que sair de casa. Assim, não. Ela é atendida aqui e já noto que ela se recupera aos pouquinhos”, contou a neta após receber orientações da equipe.

Depois de um projeto piloto inicem 2019, o Melhor em Casa esteiense começou a ser realizado formalmente em maio deste ano, depois de receber habilitação do Ministério da Saúde, que repassa R$ 50 mil mensais para o programa. O Município arca apenas com os salários dos servidores. No primeiro mês, foram 55 atendimentos; em setembro, chegou a 670. Atualmente, são 58 pessoas cadastradas no programa, que também recebem, quando há necessidade, atendimento de dentista e de fonoaudióloga que, assim como a nutricionista, são profissionais que não fazem parte da equipe exigida pelo MS para habilitar o programa, mas inseridos pela SMS para qualificar, ainda mais, os atendimentos.

“O objetivo com essa iniciativa é proporcionar um cuidado mais próximo da rotina da família, oportunizando um atendimento mais humanizado, e dentro de casa. Isso é elemento importante para a recuperação de doenças, reduz riscos de contaminação e de infecção, no caso de pacientes em pós-operatório, e contribui também para a desocupação de leitos hospitalares”, destaca a diretor de Saúde da SMS, Gilson Menezes.

O programa atende pessoas acamadas, principalmente idosos, com comorbidades e agravos clínicos que limitam o deslocamento aos serviços de saúde. Ele é voltado para moradores das áreas de cobertura das unidades básicas de saúde (UBSs) Claret, Centro, Esperança, Votorantim, Tamandaré e Pedreira, áreas que não contam com Equipes de Estratégia da Família (ESF), que realiza serviço semelhante.

Para ter direito ao atendimento, é necessário, se possível, ir até uma unidade básica de saúde ou, quando impossível, que alguém da família registre o interesse na UBS. Após isso, uma equipe do programa vai até a residência para uma primeira consulta e análise inicial. Se for constatado que a pessoa não tem condições de ser levada aos médicos, por exemplo, ela entra na relação dos atendidos. Os pacientes também podem ser encaminhados diretamente pelo Hospital São Camilo, depois de uma cirurgia, por exemplo.

E o cuidado com os atendidos vai além do atendimento técnico. “É importante ressaltar que nós acolhemos o paciente como um todo. Também encaminhamos solicitações para que ele receba fraldas e dietas da SMS e que seja incluído no MedCasa, programa que entrega medicamentos no domicílio do paciente”, exemplificou a enfermeira Lidiane.

Curativos Especiais: aceleração na recuperação de lesões e da autoestima

Outro projeto que está atendendo a Dona Terezinha é uma iniciativa recente da SMS. Após receber um projeto da enfermeira Lidiane, a Secretaria aprovou o início do “Curativos Especiais”, que oferece produtos para curativos com medicamentos que ajudam na aceleração da cicatrização de feridas agudas e crônicas. Fazem parte da lista insumos como o PHMB Gel, usado para desinfecção, limpeza e hidratação de feridas; atadura de alta compressão; e a gaze de rayon, que vem embebida em óleos AGE, copaíba e melaleuca, componentes com efeitos anti-inflamatório, antifúngico, antibacteriano, antiséptico e analgésico que aceleram o processo do reparo dos tecidos.

“São produtos mais caros, realmente, mas que em médio prazo compensam o investimento. Em nossa pesquisa, encontramos uma pessoa que sofre há mais de 35 anos com feridas crônicas na perna e que nunca apresentou melhora apenas com os tratamentos convencionais. Em pouco tempo com os curativos especiais, já percebemos mudanças significativas”, disse Lidiane. “Isso traz um resultado fantástico para o emocional do paciente o que também contribui para a recuperação”, explicou.

Também beneficiada pela iniciativa, a aposentada Neuza Maria da Silva, 67 anos, sente na pele, literalmente, a diferença. Há 24 anos ela sofre com uma úlcera venosa nas duas pernas. Em mais de duas décadas, nunca sentiu melhora com os curativos tradicionais. Depois que passou a ser atendida com os curativos especiais, em meados de setembro, percebeu que as lesões diminuíram muito. “Sinto que tá bem melhor, mesmo, graças a Deus. Graças a Ele, a esses produtos e a essas princesas”, disse na última quarta-feira enquanto era atendida por Lidiane e Luciana, que, por enquanto, são as duas profissionais que atendem no projeto.

Os curativos da Neulide – junção dos nomes de Neuza e Lideane, brincadeira fruto da estreita relação entre profissional e paciente – precisam ser trocados a cada três dias. Duas vezes por semana é a enfermeira que realiza os procedimentos. Nos finais de semana e feriados, a troca é feita pelo filho da paciente, que foi capacitado para usar os curativos especiais da forma mais eficiente possível. O trabalho em conjunto tem animado Dona Neuza e ela até já faz planos. “Quando eu ficar bem boa e poder ficar de pé mais tempo, quero fazer um pão de casa para elas”, prometeu, animada, a paciente.

Diferentemente do Melhor em Casa, o programa Curativos Especiais pode ser acessado por pessoas de todas as regiões de Esteio. Os moradores de áreas não cobertas por ESFs são atendidos pela dupla do projeto, que entrega os insumos regularmente e realiza orientações e capacitações de pessoas que possam fazer os curativos. As profissionais também fazem os procedimentos quando o paciente não tem nenhuma parente ou amigo que possa fazer. Para as áreas atendidas por ESFs, quem recebe as capacitações são os agentes comunitários de saúde, responsáveis pelas entregas, por fazer os curativos quando necessário e por capacitar pessoas próximas ao paciente para que realizem as trocas.

O caminho para solicitar a inclusão no programa é o mesmo que o Melhor em Casa. O paciente que puder caminhar ou ser levado a uma UBS pode pedir uma avaliação. Para acamados, um parente pode solicitar a visita. Se após a primeira consulta for constatado que existe a necessidade de atendimento domiciliar pelo Curativos Especiais ele é cadastrado. Atualmente, 18 pessoas são beneficiadas pela iniciativa, 14 delas de áreas não atendidas pelas ESFs e quatro de áreas cobertas. Iniciado em agosto, o programa já investiu R$ 83,5 mil na compra de produtos.

Melhor em Casa

Público-alvo: Pessoas acamadas, que necessitam atendimento médico e que não podem ser levadas aos serviços de saúde residentes em áreas não cobertas por equipes de saúde da família (ESF)

Como solicitar: Se for possível, ir até uma UBS e fazer a solicitação. Se não for possível, um parente pode fazer o pedido. Após isso, é feita uma consulta de análise, na residência do paciente. Se constatada a necessidade, ele é inscrito no programa. Pessoas que passaram por cirurgia no Hospital São Camilo e necessitam deste atendimento são encaminhadas diretamente pela instituição

Curativos Especiais
Público-alvo: Pessoas com ferimentos crônicos que tenham dificuldade de ir até os serviçois de saúde de todas as áreas de Esteio (Pacientes de regiões cobertas por ESF são atendidos por agentes de saúde da família. Pacientes de outras regiões são atendidos pela equipe do projeto
Como solicitar: Se for possível, ir até uma UBS e fazer a solicitação. Se não for possível, um parente pode fazer o pedido. Após isso, é feita uma consulta de análise, na residência do paciente. Se constatada a necessidade, ele é inscrito no programa.

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