A grande quantidade de fumaça que decorre do número altíssimo de queimadas que vem se registrando nos últimos dias na Bolívia e na Amazônia brasileira traz chuva preta com precipitação de fuligem (soot) em diferentes cidades do Rio Grande do Sul.
Ontem, a Amazônia registrou um dos piores dias de fogo de sua história recente, mostram dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. De acordo com dados do Inpe, os satélites identificaram 3.224 focos de calor entre 21h de quinta-feira e 21h desta sexta-feira. Trata-se do pior dia de queimadas na Amazônia neste ano, superando o maior número anual de até então de 2.433 focos de calor no bioma no dia 28, ou seja, anteontem.
Com isso, não será surpresa alguma que piscinas, baldes e outras superfícies fiquem com a água escura ou preta como consequência da precipitação de fuligem acompanhando a chuva preta que se prevê ou mesmo que veículos na rua apresentem manchas como se fosse poeira, tal como se viu dias atrás em São Paulo.
O QUE É CHUVA PRETA
Soot, ou fuligem, é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas). Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros compostos. Essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias.