Em maio de 2020, o município de Planalto, no norte do Estado, foi estremecido com a notícia de que uma mãe matara o próprio filho. Após mais de uma semana de buscas pelo garoto, Alexandra Salete Dougokenski indicou o local onde estava escondido o corpo de Rafael Mateus Winques, 11 anos. Ontem, após três dias, chegou ao fim do julgamento da ré, que é acusada de ter assassinado o caçula.
Por fim, os jurados decidiram que Alexandra é culpada. Pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual, ela foi condenada a 30 anos e 2 meses de reclusão e 6 meses de detenção. A sentença foi lida pela juíza Marilene Campagna por volta das 23h40min.
O advogado de defesa, Jean Severo, disse que vai recorrer da sentença. Ele também afirmou que irá pedir a anulação do júri, alegando que a promotora Michele Dumke Kufner teria ferido o silencio da ré, embora ela tenha citado somente os familiares nominalmente.
Os debates
Assim como previsto, acusação e defesa apresentaram aos jurados dois perfis de Alexandra. De um lado, a acusação buscou apresentar uma mulher fria e manipuladora, que foi capaz de asfixiar o menino até a morte, num crime arquitetado, enraivecida porque ele desobedecia suas ordens e não parava de usar o celular. De outro, defesa tentou mostrar uma mãe zelosa, vítima de série de violências cometidas pelo ex-marido, pai do menino Rafael, e que teria sido injustiçada.
Responsável por elaborar a denúncia do crime, a promotora Michele Dumke Kufner narrou que foi até a casa de Alexandra assim que soube do sumiço do garoto, para prestar solidariedade.
— Se tivéssemos alguma dúvida da responsabilidade da Alexandra, pela morte do filho dela, não viríamos aqui pedir a condenação — afirmou.
A promotora relatou que foi até a casa de Alexandra em 21 de maio daquele ano, para prestar solidariedade. Neste mesmo dia, a mãe teria mandado mensagens para Rodrigo pedindo informações sobre o filho e também enviado mensagens ao então namorado, tentando imputar responsabilidade a um dos irmãos.
— Naquele mesmo dia, eu estive na casa dela. Eu passei pelo corredor onde ela arrastou o corpo do filho dela. Eu sentei no sofá e fiquei mais de uma hora conversando com ela. Naquele momento, ela era uma mãe procurando o filho. Eu queria ouvir dela, o que tinha acontecido, ela era uma mãe sem filho — disse.
Por GZH