Pelo visto o banhado do Parque Municipal Imperatriz Leopoldina, em São Leopoldo, guarda muitas riquezas naturais que aos poucos veem sendo descobertas. A última encontrada é uma nova espécie de lagostim, nome comum dado a pequenos crustáceos.
Os responsáveis por esta importante descoberta, que inclusive foi publicada como artigo científico no site da revista Zoological Studies, foram o mestrando do Programa de Pós-Graduação em biologia Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Augusto Frederico Huber, e o seu orientador, doutor e pós-doutorando, Felipe Bezerra Ribeiro. Os dois encontraram o animal durante uma expedição de campo em 2018 e resolveram dar um toque bem gaúcho ao nome do crustáceo: Parastacus macanudo. “Entre todos os termos que pesquisamos, ‘macanudo’ acabou sendo o que melhor se encaixava para esta espécie. A palavra se refere a algo grande, forte e admirável. Estas características fazem alusão a caracteres morfológicos da espécie”, explicou Huber.
A nova espécie foi identificada desta maneira após aluno e professor observarem que se diferenciava, entre outras características, nas pinças que são bem desenvolvidas em relação ao corpo. “Tal comparação foi possível, pois dispomos da maior coleção de lagostins da América do Sul, localizada no Departamento de Zoologia da UFRGS”, esclareceu o mestrando.
Contribuição do lagostim para o Meio Ambiente
Segundo o biólogo Huber, esses crustáceos têm um papel importante para o meio ambiente e para a cadeia alimentar, pois se alimentam de algas, larvas de insetos e vermes. Já por outro lado, servem de alimento para aves, peixes, anfíbios e até mamíferos, como a lontra. Parastacus macanudo também contribui para a drenagem e aeração do solo e no desenvolvimento de plântulas, já que tem o hábito de fazer escavações com as pinças. “Com a descoberta, essa espécie de lagostim pode receber a devida atenção e proteção por parte do parque e dos órgãos ambientais, contribuindo para a conservação da espécie”, ressaltou Huber.
O trabalho de identificação e produção do artigo científico também foi integrado pela doutora professora coordenadora do Laboratório de Carcinologia da UFRGS e professora do PPGBAN, Paula Beatriz de Araujo, e pela aluna estadunidense Emily Rose Rockhill, que desenvolveu esse trabalho como parte de seu projeto vinculado a uma bolsa do programa de intercâmbio Fulbright.