A difícil missão da equipe de enfermeiras do Hospital Centenário frente à doação de órgãos

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O Rio Grande do Sul sofreu uma queda de 40% nas doações de órgãos no primeiro semestre deste ano e um dos principais motivos são as restrições de procedimentos em função da pandemia. As dificuldades, porém, vão além e muitas vezes a tentativa de salvar vidas esbarra nas famílias. Muitas ainda não compreendem a importância do procedimento. E no Hospital Centenário, essa missão nada fácil, fica a cargo de um grupo formado por quatro enfermeiras que integram a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Transplantes (CIHDOT) e do médico Marcus Chaves. Salvar vidas, porém, mesmo que outra tenha que ir embora, é o oxigênio que sustenta a esperança dessa equipe diante da necessidade de doar órgãos.

Desde 2014, Gimeni Pires Carvalho, Maria Iolanda Bernardes Ostermann, Neusa Maria de Souza David e Fernanda Estrella têm a responsabilidade de consultar as famílias sobre a possibilidade da doação quando a morte encefálica do paciente é confirmada por dois médicos. “Após o acolhimento dos familiares, do cuidado com o sentimento da perda, da ideia de que seu ente querido pode salvar outras vidas e a autorização, uma equipe de médicos faz a captação dos órgãos enquanto a Central de Transplantes do Estado faz a busca dos pacientes da fila de espera”, explica Fernanda.

A enfermeira lembra que a recusa familiar representa um grande entrave, contribuindo para que o número de doadores seja insuficiente para atender a demanda crescente de receptores em lista de espera. As famílias que compreendem bem o diagnóstico de morte encefálica são mais favoráveis à doação em comparação com aquelas que acreditam que a morte só ocorre após a parada cardíaca. Estas geralmente manifestam dificuldades em aceitar a condição de morte do ente querido. “Hoje a maior dificuldade é essa, a família aceitar e a pessoa manisfestar o interesse na doação em vida. Desde que criamos a comissão, tivemos 26 casos. Dezesseis doaram os órgãos, aceitando a doação, mas infelizmente dez não aceitaram. São vidas que a gente perde”, comenta Fernanda. 

A missão desse grupo da Fundação Hospital Centenário ficou ainda mais difícil desde o início desse ano, quando começou a ser exigido a testagem de covid-19 em possíveis doadores e receptores. A impossibilidade de doar e receber caso tenha havido contato ou contaminação pelo coronavírus tornou ainda mais lento o processo. O quadro desfavorável para quem está a espera de um órgão intensificou as campanhas de doações em todo o país.

Por isso, no próximo dia 26, o Hospital Centenário realizará uma blitz informativa sobre o assunto. Materiais serão distribuídos, inclusive com uma carteirinha “Sou Doador”. As enfermeiras salientam que o assunto é cercado de preconceitos, dúvidas e medo. Por isso, quando a visão sobre ele se abre, a vida de alguém é salva. “O ciclo da doação de órgãos começa com a dor de uma perda, passa pelo acolhimento, pelo diálogo e se completa com a continuidade de outras vidas”, lembra as enfermeiras.

 

 

 

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