Estudo publicado na revista internacional Frontiers of Biogeography aponta a presença de mais de 12.500 espécies atualmente conhecidas no bioma Pampa, entre plantas, animais, fungos e outros microorganismos. Isso significa que o Pampa, que cobre pouco mais de 2% do território brasileiro, contém 9% da biodiversidade atualmente conhecida do país.
O artigo “12,500+ and counting: biodiversity of the Brazilian Pampa” (“12.500 e contando: biodiversidade do Pampa brasileiro”) é resultado de um esforço coletivo de mais de 120 pesquisadores de 70 instituições de pesquisa e foi liderado pelo professor Gerhard Overbeck e os pesquisadores de pós-doutorado Bianca Ott Andrade e William Dröse, do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre. “A pergunta inicial do artigo é bastante simples: qual é a biodiversidade do bioma Pampa?”, relata Gerhard Overbeck.
“O Pampa é a região do extremo sul do Brasil, conhecida pelas planícies de campos a se perder de vista, mas que também inclui diversos outros ambientes, como florestas, banhados ou butiazais. O conhecimento sobre a sua biodiversidade vem crescendo ano a ano, mas esses dados não são facilmente disponíveis, de maneira que aquela pergunta simples inicial não pode ser respondida. Assim, surgiu a ideia para esse estudo”, continua.
Os três pesquisadores reuniram uma rede de especialistas nos mais diferentes grupos de organismos. Em um esforço que durou mais de dois anos, construíram uma base de dados de biodiversidade do Pampa e obtiveram resultados surpreendentes. Para praticamente todos os grupos de organismos, o estudo resultou em números mais altos do que o conhecido ou estimado anteriormente. E para alguns grupos em especial, como é o caso das algas e fungos, esse número foi muito maior do que se conhecia para a região e proporcionalmente para o Brasil.
Os dados também evidenciam uma contribuição especialmente alta do Pampa para alguns grupos de organismos, como aves, mamíferos e abelhas. “Os dados demonstram que o Pampa possui biodiversidade alta não só no grupo de plantas campestres, onde já havia um bom conhecimento antes, mas também em muitos outros grupos”, detalha William Dröse. “E temos de considerar que em muitos grupos, por exemplo nas formigas, há muitas espécies que nem foram descritas ainda.”