No Dia dos Namorados, o programa Tá na Hora foi conhecer Ivo Bissani e Iride Sônia Moreschi Bissani, cujo romance resiste firme há 61 anos — sendo 56 deles somente de casamento. O casal de Veranópolis construiu uma vida em São Leopoldo e é referência na comunidade da Campina. Sua história é inspiradora para os enamorados, jovens, idosos e para qualquer pessoa que acredita no Poder do Amor.
Um primeiro encontro à moda antiga
Tudo começou nas férias de Sônia, no distante Veranópolis dos anos 1950. Ela foi visitar sua irmã em uma localidade do interior da cidade. Ele era vizinho à residência, e mesmo a muito metros de distância e a poeira da estrada de chão que separava as casas, avistou de longe as irmãs no quintal.
Em um arroubo de coragem que nem ele acreditava ter, proferiu em alto e bom som aos quatro ventos: “a baixinha vai ser minha!”. Entre elas, a de menor estatura era Sônia, que ruboresceu frente à empáfia do jovem, que teve curta duração, pois foi necessário o intermédio de uma terceira pessoa para que o futuro casal se conhecesse: a irmã de Ivo.
Timidamente, ele pediu à própria irmã que convidasse Sônia para um baile de carnaval. Ao som de gaitas, selou-se o primeiro passo desse amor que não se desgrudou mais.
Cartas, saudade e paixão
Sônia então se mudou para São Leopoldo. A distância — e a escassez de recursos — não diminuíram a chama. “Ele enviava uma carta por semana, eu respondia na seguinte, e assim mantínhamos o romance vivo”, conta Sônia. As missivas atravessavam estradas de terra, chegavam embaladas por ansiedade e traziam promessas de reencontro.
Seu Ivo é que tomou a frente, e em uma carta carregada de sentimento, questionou se o amor de Sônia era verdadeiro, a tal ponto de Ivo deixar a sua Veranópolis e se juntar a ela no município capilé. A resposta gerou uma linda família com duas filhas e uma longa história junto à comunidade da Campina.
Família unida, portas sempre abertas
Os dois frutos desse afeto foram as filhas Márcia e Lu, que hoje dividem o mesmo condomínio com os pais, com portas abertas e mobília sentimental. No terreno do bairro Campina, fica o ateliê Misly Confecções, fundado por Sônia há décadas e hoje gerido pelas herdeiras.
“Tenho 78 anos e ainda trabalho: costuro de manhã e, no fogão a lenha, preparo o almoço para todo mundo subir e comer quentinho”, diverte-se. Há 23 anos, o casal dedica-se ao CCEI Talitha Kum, onde Sônia ensina costura às mães e Ivo auxilia em marcenaria e pequenas manutenções — mais um elo de cuidado com a comunidade.

O segredo de 61 anos juntos
“Respeito mútuo”, resume Ivo ao ser questionado sobre a receita de tanto tempo lado a lado. “Buscamos sempre entender como o outro se expressa e pensa.” Sônia acrescenta: “Não somos um mar de rosas o tempo todo, mas à noite refletimos e nos colocamos no lugar um do outro.”
Quando o clima pesa, basta “encostar os pés ao deitar” ao deitar, revela Ivo, e o calor humano faz efeito. Já Sônia jura que uma caipirinha de limão italiano antes do banho — de vez em quando — aquece o corpo… e a alma.
Quando questionados sobre quem mais leva as brigas para o coração, prontamente Ivo levantou o braço, confirmando: “eu sou o que fica emburrado”. Ao serem perguntados em seguida quem geralmente precisa ceder nestas situações, novamente ele se colocou à frente:” É claro que sou eu. Até porque quem manda aqui é ela”. Com risos cúmplices, mostram que humildade e bom humor são ingredientes essenciais para um afeto sem igual.
Tudo compartilhado
Por fim, Sônia refletiu sobre um dos segredos mais apreciados pelo casal, o qual deseja que os casais possam seguir para manter uma relação saudável e duradoura. “Hoje em dia muitos casais têm finanças separadas”, observa Sônia, “mas nós sempre juntamos tudo na caixinha de papelão. Nunca escondemos nada, nem das filhas. Se não construirmos assim, fica difícil funcionar.”
Neste Dia dos Namorados, Ivo e Sônia provam que o amor, quando regado a respeito, diálogo em tom elevado à moda italiana – e uma pitada de caipirinha e pés aquecidos – pode florescer década após década. Vida longa ao amor que não esmaece ao tempo, e se fortalece na base da empatia e entendimento mútuo.