Uma equipe formada por estudantes e professores de Farmácia, Biologia e Engenharia Agronômica da Unisinos, junto à Secretaria Municipal de Saúde e ao Colégio Agrícola de São Leopoldo, começou a produzir fitoterápicos para o SUS em um canteiro de 4 000 m², com espécies como melissa, camomila e confrei.
Iniciado em 2019 por meio de edital federal, o projeto “Farmácia Viva” transformou-se na primeira iniciativa gaúcha a manipular internamente tinturas, pomadas e chás, elevando o uso de medicamentos de baixo custo e reforçando o compromisso com a saúde pública e formação acadêmica na cidade.
Do campo à farmácia
No horto do Colégio Agrícola, as plantas passam por cultivo rigoroso antes de chegar ao laboratório da Universidade Unisinos, para higienização, secagem e controle de qualidade. “Inicialmente enfrentamos atrasos por conta das enchentes, mas cada etapa garante a pureza do produto final”, explicou Fabiana Ribeiro, diretora da Farmácia Municipal. A primeira fórmula totalmente local é a tintura de melissa, seguida de preparações com maracujá, confrei e malva.
Rigor técnico e segurança
A manipulação ocorre na Farmácia Escola da Unisinos, sob supervisão de farmacêuticos e com envolvimento direto de alunos. Fabiana conta que, em um lote de pomada de confrei, a raiz apresentou contaminação, o que obrigou o replantio antes da nova produção. “Esse padrão de qualidade é essencial para que o SUS receba produtos confiáveis e que os profissionais de saúde prescrevam com segurança”, afirmou.
Capacitação e prescrição
Para viabilizar o uso dos fitoterápicos na atenção básica, já foram realizadas oficinas para médicos, enfermeiros, dentistas e nutricionistas do município. “Nosso objetivo é que esses profissionais entendam as indicações e contraindicações das fórmulas. Nossa expectativa é que tenha impacto sobre as medicações de uso controlado para a saúde mental, os mais requisitados na farmácia municipal”, disse Fabiana, lembrando que a tintura de melissa será distribuída gratuitamente mediante receita médica.
Impacto social e econômico
Além de reduzir custos em comparação a comprimidos tradicionais, o projeto promove inclusão ao envolver pacientes do CAPS em atividades de cultivo e colheita. Com sete culturas analisadas segundo dados epidemiológicos – melissa, malva, camomila, tansagem, boldo, confrei e maracujá – São Leopoldo atua como referência entre as quatro Farmácias Vivas do RS.
Em 2024, o município foi o que registrou maior mortalidade por dengue no Estado, e a perspectiva de produzir citronela abre caminho para combate ao mosquito da dengue. Os fitoterápicos já podem ser encontrados em todas as farmácias municipais de São Leopoldo com apresentação de receita médica.
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