Na manhã de terça-feira (25), durante o programa Sala dos Professores do Berlinda News, os jornalistas Juliano Palinha e Sônia Bettinelli conversaram com a direção, conselheiros, pais e estudantes da EMEF Paulo Beck, do bairro São Miguel, para avaliar o impacto das enchentes de 2024 e o avanço do turno integral em 2025. A escola atende 400 alunos em período integral (1º ao 9º ano) e mais 100 no EJA noturno, com quadro de 60 professores e 12 funcionários.
Participaram do encontro a diretora e vice da EMEF Paulo Beck, Fabi Carpes e Alexandre Ausani Huff, além da Presidente do Conselho Escolar, Eveline da Silva Santos, e da Presidente do Grêmio Estudantil, a aluna Emanuelly Assunção Muniz.

O papel do Conselho Escolar
Inicialmente foi abordado o papel do Conselho Escolar da Paulo Beck, concebido para mediar conflitos e aproximar família e escola. “O conselho foi feito para auxiliar os pais. O que conseguirmos resolver antes de chegar na direção, o que for da nossa alçada, nós vamos fazer para prestar esse apoio e fortalecer a rede escolar”, explica Eveline da Silva Santos, presidente do órgão. Ela ressalta que, ao atender demandas diretamente com os responsáveis, o Conselho acalma as famílias e encaminha as soluções sem sobrecarregar a direção.
A diretora Fabi Carpes reforça essa ponte: “O próprio conselho faz uma ponte maravilhosa com a direção, porque está em contato diário com as famílias. É importante a presença da família na escola em todas as faixas etárias, pois às vezes a criança se torna adolescente e a família dá mais autonomia, mas é fundamental manter esse acompanhamento.” Para Carpes, as variadas atividades ao longo do ano são estratégicas para manter o vínculo entre casa e escola fortalecidos.
O impacto das enchentes de 2024
Em maio do ano passado, a EMEF Paulo Beck foi uma das primeiras unidades afetadas pelas cheias do Rio do Sinos. O vice-diretor Alexandre Ausani Huff lembra: “na sala da direção tínhamos móveis novos e perdemos tudo. A água atingiu 4 metros de altura. As salas do segundo andar ficaram com 10 a 15 cm de água. O que se salvou, foram itens que eu e a Fabi levamos para casa e algumas coisas que ficaram sobre as mesas no segundo andar. De resto, tudo se perdeu.”
Alexandre detalha o drama vivido pela comunidade escolar. “Entramos na escola no dia 3 de maio, uma sexta-feira, para erguer as coisas, imaginando um cenário corriqueiro de inundação. Na madrugada de sábado soubemos que o dique havia se rompido e, ao final da manhã, a água já estava na metade do muro da escola. Jamais imaginamos que chegaria àquele nível. Só no dia 4 de junho conseguimos retornar para iniciar a limpeza”, informou
Retomada do turno integral
Antes das enchentes, em 2024, a Paulo Beck havia concluído a estruturação para oferecer ensino integral. “Essa situação toda dá origem ao tema que vamos abordar hoje, que é a Educação em Tempo Integral. Começamos essa integração em 2022 e, em 2023, já estávamos operando em 100% das turmas. A enchente interrompeu tudo, e, em agosto, voltamos do zero, graças à parceria da Secretaria Municipal de Educação e de empresas que contribuíram com mobiliário”, conta Fabi Carpes.
A diretora destaca os avanços: “Praticamente só sobraram as carteiras. Hoje conseguimos repor tudo e temos uma estrutura ainda melhor, com exceção dos equipamentos de informática, que ainda buscamos reaver.” Em 2025, pela primeira vez, “conseguiremos concluir o ano letivo com todas as turmas em tempo integral. Depois, faremos uma avaliação para aprimorar o modelo no próximo ano.”
O turno integral funciona das 8h30 às 16h30, uma escolha que passou por votação dos próprios pais, através do Conselho Escolar. Eveline destaca: “foram dois dias de votação. Colocamos urnas na frente da escola e a grande maioria escolheu essa faixa de horário, por considerar que casava melhor com a rotina de trabalho dos pais e demais demandas do lar”.
A diretora Fabi complementou que a direção tem uma preocupação em envolver a comunidade na vida escolar, para que ela possa participar ativamente da vida dos filhos. “Além do horário, colocamos em pauta também quais atividades os pais gostariam que seus filhos fizessem na escola, já que passariam praticamente o dia todo nela. Então fomos escolhendo as principais áreas de conhecimento apontadas por eles e, assim construindo as disciplinas complementares, além das tradicionais como matemática, português, história, etc”, destaca
Através desta iniciativa, nasceu as disciplinas de educação ambiental, cidadania, letramento digital entre tantas outras, que foram construídas nesta parceria com os pais. Há também as oficinas do Mais Educa da própria SMED, como capoeira e banda.
Disciplinas socioemocionais e participação dos alunos
Para envolver alunos no processo, a escola realizou enquetes sobre atividades complementares e disciplinas. “Eles votaram que gostariam de ser mais ouvidos”, conta Alexandre. Diante desse resultado, foi criada a disciplina socioemocional, que “dá oportunidade de fala aos estudantes e trabalha seus aspectos emocionais. Se vamos tratar de educação, precisamos também ouvir os alunos”, afirma o vice-diretor.
Emanuelly Assunção Muniz, presidente do Grêmio Estudantil, compartilha a importância dessa escuta: “Diversos alunos não conseguem se comunicar em casa e, na escola, se sentem mais à vontade para expor seus anseios. No Grêmio, levamos situações de colegas à supervisão para buscar soluções.” Essa abertura de diálogo tem gerado um ambiente escolar mais acolhedor, no qual o surgimento de projetos de cidadania e atividades esportivas — solicitadas pelos próprios estudantes — reforça o protagonismo juvenil no cotidiano da Paulo Beck.
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