Três membros do Conselho Tutelar da região Centro — Matheus Lesina, João Lucas e Leila Lopes — detalharam no Berlinda Entrevista os desafios diários de atender denúncias, visitas domiciliares e a importância de separar emoção e razão para garantir a segurança de menores.
Com 427 atendimentos espontâneos entre janeiro e março, o colegiado enfrenta alta demanda por casos que vão de falta de matrícula escolar a negligência familiar, atuando em parceria com UPA, CRAS, CAPS e escolas para criar uma rede de proteção que prioriza a permanência da criança no ambiente familiar sempre que possível.
Desgaste e competências
“Já imaginava que seria uma tarefa difícil, mas as situações de impacto exigem separar emoção e razão”, admitiu João Lucas, enfatizando a qualidade do colegiado. Matheus Lesina, que já atuava em projetos sociais com jovens, reforçou: “A demanda é tão alta que muitos conselheiros desistem no meio do caminho. É dedicação integral e há muito desgaste.” Leila Lopes completou que, mesmo não sendo sempre da alçada do Conselho, “é triste ver que muitas soluções estão dentro da família, mas precisamos agir com sensibilidade, colocando sempre o melhor interesse da criança em primeiro lugar.”
Estatísticas e procedimentos
João explicou que os atendimentos espontâneos na sede do Centro são aquelas que ocorrem, geralmente, de forma presencial. O denunciante se desloca até o local para tirar suas dúvidas, ao passo que ainda há o plantão 24h e canais de denúncias anônimas sobre incorrências nas famílias, bem como suspeitas de abuso.
“Recebemos 129 denúncias em janeiro, 150 em fevereiro e 148 em março — um total de 427 atendimentos espontâneos”, disse. As ocorrências incluem violação de direitos, falta de acesso ao ensino, pensão alimentícia, negligência e uso de drogas. Após o registro, o Conselho faz visitas domiciliares ou aciona polícia e serviços de saúde conforme a tipificação de cada caso.
Rede de proteção
Matheus ressaltou que, para denúncias de abuso sexual, “a primeira abordagem ocorre na área de saúde, com boletim de ocorrência e exames periciais, e nosso papel é garantir esses trâmites da forma menos traumática possível”. Leila acrescentou que o Conselho jamais inicia com objetivo de afastar a criança, mas sim de “fortalecer a convivência familiar por meio de acompanhamento no CAPS, na UBS e na escola.”
Como contatar os Conselhos
O Conselho Tutelar responsável pela área central tem atendimento na Avenida João Corrêa, 1.350, e funciona de segunda a sexta, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h. Contato do plantão 24h pelo (51) 98924-6360. Este órgão atende as áreas relacionadas à baixada em direção ao centro: Duque de Caxias, Santa Teresa, são João Batista, Vicentina, São Miguel e Centro.
Já o Conselho Tutelar do norte fica localizado na Rua Governador Roberto Silveira, n° 425 – Santos Dumont. Plantão: (51) 9 8924-7303 (plantão 24h). Contato da sede: (51) 2200-0574.
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