Um preparo para futuros padrinhos, que gera vínculos e redes de apoio a crianças e adolescentes. Esta é essência do Programa para Apadrinhamento Afetivo e Família Acolhedora, coordenado pela Secretaria de Assistência Social de São Leopoldo (SAS), através da diretora de Proteção Social Especial, Sara Cristina Fernandes, que esteve na manhã desta quarta-feira (5) no Berlinda Entrevista.
Ela falou sobre as possibilidades de acolhimento para crianças afastadas de seus lares por situações de violência ou risco, trazendo também detalhes de como funciona o programa, suas modalidades e o perfil desejado para os “padrinhos”.
Abrigos institucionais e a busca por vínculos afetivos
Quando uma criança ou jovem passa por situação de violência ou risco, a primeira medida da SAS é aproveitar a rede familiar. “Sempre que possível, buscamos tios, avós ou vizinhos que já tenham vínculo afetivo com a criança para mantê-la em ambiente familiar. O Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CRES) trabalha na recuperação dessas famílias, tentando viabilizar a volta ao convívio. Se não houver responsável na família extensa, a criança vai para um acolhimento institucional”, informou Sara.
Em São Leopoldo existem três modalidades de acolhimento institucional (Casa Abrigo, Casa Aberta e Pramor), ofertando 60 vagas, todas atualmente ocupadas. As enchentes de 2024 agravaram a necessidade desses serviços, aumentando a demanda de crianças afastadas devido à precariedade gerada pelas catástrofes em seus lares.
Apadrinhamento Afetivo: função de padrinho, não adoção
Para oferecer um ambiente mais acolhedor e estável, a SAS lançou o programa de Apadrinhamento Afetivo, que convida voluntários da comunidade a se tornarem “padrinhos” de crianças e adolescentes a partir de 5 anos. Sara ressalta: “O apadrinhamento não é adoção. É uma porta de entrada para criar laços de afeto. Esperamos que o padrinho participe da vida escolar, leve a criança para passear, cuide em períodos de férias — papéis típicos de um padrinho em uma família.”
Embora o programa não proíba a adoção, ele prepara o interessado especificamente para o papel de padrinho. “Já houve casos em que o vínculo gerou adoção, mas, em geral, quando percebemos que o interessado busca adotar, encaminhamos ao Judiciário para o processo de adoção. A finalidade essencial aqui é o apadrinhamento”, contou.
Processo de qualificação: quatro encontros e critérios claros
Os candidatos passam por um processo de qualificação organizado pela equipe da SAS. Em até quatro encontros presenciais ou online, são avaliados aspectos como disponibilidade para estar presente na rotina da criança, estabilidade residencial e emocional. “Não basta ter boa intenção. Temos uma lista extensa de interessados que, ao longo da qualificação, descobrem que não estão aptos. Por exemplo, quem procura apenas uma criança com características específicas não participa do programa”, avisa.
Podem se inscrever pessoas de São Leopoldo e municípios num raio de 30 km, desde que comprovem condições de oferecer atenção regular. Atualmente, 12 padrinhos estão qualificados e 30 crianças e adolescentes (5 a 18 anos incompletos) estão aptos ao apadrinhamento. “Temos uma preocupação em gerar uma estabilidade emocional para a criança apadrinhada. É muito complicado lidar com situações, onde o padrinho se disponibiliza e, em seguida, decide interromper esse vínculo. Isso gera uma grande frustração, porque apenas amplia na criança a sensação de abandono”, reflete a diretora.
Continuidade dos vínculos para além da infância
O apadrinhamento não termina automaticamente quando a criança retorna à família biológica ou atinge a maioridade. Sara explica: “Quando a medida protetiva se encerra e a criança volta ao lar original, muitos padrinhos seguem acompanhando. Se o jovem segue em outra modalidade de acolhimento após completar 18 anos, os padrinhos também podem seguir atuando, como uma rede de apoio mesmo na fase adulta.”
Como se inscrever
Interessados devem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 99337-7250 ou procurar o setor de Proteção Social Especial da SAS para receber a ficha prévia de inscrição. Após análise inicial, agendam-se os quatro encontros de qualificação caso o candidato esteja apto. “O processo é tranquilo, mas exige comprometimento. É importante que o padrinho esteja disponível, pois seria cruel criar expectativa na criança para depois não cumprir os momentos de convívio”, finalizou Sara.
Assista ao Berlinda Entrevista na íntegra: [embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=vZ82Qdm-0Wc[/embedyt]