Alunos da Escola Municipal de Educação Fundamental Castro Alves criaram, em parceria com a Universidade Feevale, um aplicativo de alerta sobre dengue para a comunidade de São Leopoldo. Em meio a mais de 60 casos confirmados em 2025 e alto índice de mortalidade na cidade no ano passado, o projeto foi apresentado durante o Berlinda Entrevista da manhã desta segunda-feira (02) pelos estudantes Cauã Hartwig Geschuender (12 anos, 7º ano), Victor Battistello da Silva Gomes (14 anos, 9º ano), acompanhados da sua professora de robótica, Daniela Alcântara Scherer, e a docente da Feevale, Débora Barbosa.
Contexto preocupante de dengue em São Leopoldo
Desde 2016, a dengue no município é monitorada com rigor, mas em 2024 a explosão de casos resultou no maior número de óbitos pelo vírus no Rio Grande do Sul. Somente em 2025, são mais de 60 confirmações, cerca de 200 testes pendentes e 600 notificações. Diante desse cenário, a escola se mobilizou para oferecer uma ferramenta de prevenção.
“Pensamos em oferecer à comunidade um meio de prevenção e enfrentamento da doença. Quando se iniciou a ideia do projeto, havia a possibilidade de trabalharmos com outras pautas de cunho social, mas optamos por essa por ser algo da nossa realidade diária na comunidade”, explica Daniela Scherer, que coordena o projeto de Robótica no contraturno escolar duas vezes por semana.
Projeto de robótica: cinco anos de evolução
O projeto de tecnologia educacional da Castro Alves começou há cinco anos com apenas 15 alunos. Atualmente são quatro turmas, totalizando 40 estudantes a partir do 4º ano do ensino fundamental. A robótica na escola visa desenvolver pensamento computacional e programação.
“Busquei na Universidade Feevale mais fundamentação para desenvolver este trabalho. Desde o 4º ano, os alunos aprendem a programar em blocos e, ao longo dos anos, evoluem para programação digital escrita”, afirma Daniela.
Racaton global: desafio em 15 dias
Em abril, a professora Débora Barbosa lançou aos alunos um Racaton — uma maratona para resolver problema social em curto prazo. O desafio pedia a criação de um app voltado a tema relevante em 15 dias. “Foi um projeto internacional em parceria com o MIT, envolvendo participantes de 86 países, como China e EUA. Todas as etapas eram em inglês, o que tornou o Hackathon ainda mais desafiador para os alunos”, ressalta Débora.
Graças ao nível avançado de programação, a equipe da Castro Alves concluíram o aplicativo a tempo: “Só conseguimos desenvolver essa demanda porque já tínhamos um desenvolvimento avançado de programação em curso. Os alunos toparam esse desafio e eu mediei todo o processo. Mas o esforço é todo deles e foi amplamente recompensado”, comenta Daniela.

Alunos detalham processos e motivações
Para Victor, a experiência foi uma evolução técnica. “Quando entrei na robótica básica no 6º ano, pensei que ficaríamos apenas montando robôs com programação pronta. Mas passamos a criar estruturas mais complexas, instalar sensores e motores, desenvolvendo nossa lógica de programação”, avaliou.
Já Cauã, que iniciou no 4º ano, sentiu o impacto social do projeto. “Fomos convidados pela professora Débora a participar desse app para salvar vidas, pois moro no bairro Vicentina, onde a dengue se tornou rotina. Foi muito legal levar informação e combater fake news”, destacou o jovem. O app começa com um chatbot de inteligência artificial que responde dúvidas sobre a dengue e orienta sobre sintomas e prevenção. A partir desta pesquisa, nasce a base de orientação da plataforma.
Funcionamento do app e próximos passos
Embora ainda em fase de testes, o aplicativo oferecerá:
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Chatbot interativo para esclarecer dúvidas sobre dengue;
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Alertas geolocalizados de focos de larvas;
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Notificações de ações de bloqueio e orientações de limpeza de quintais;
- Informações sobre sintomas e locais de atendimento – com vínculo ao SUS local
Em breve o app será disponibilizado à comunidade”, afirma Daniela. “Pretendemos colher feedback para aprimorar e, quem sabe, integrar ao sistema municipal de vigilância em saúde.
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