Quase um ano depois das eleições municipais, tivemos nossa primeira experiência de peso, propriamente dita, no Legislativo. E considerações podem ser feitas.
Aos olhos de muitos cidadãos ser vereador é um prestígio ou um demérito, afinal todos os políticos ganham milhares de reais e não fazem nada.
Primeiro, numa disputa eleitoral o partido e o candidato devem fazer uma opção difícil: escolher com qual candidato à majoritária devem se aliar. Momento crucial para definir, pois o sucesso de um bom mandato é estar junto ao prefeito em questão para poder atender as demandas depois de eleito. Afinal, seus eleitores, ou não, irão, fatalmente, bater na porta do gabinete para solicitá-las.
No caso de o candidato eleito pelo povo e o prefeito da aliança estarem juntos, a situação passa da expectativa da vitória para a expectativa da realização dos projetos políticos. E investir em políticas públicas para o seu povo é o objetivo. O candidato é eleito pelo povo e o seu prefeito também, agora é só arregaçar as mangas e trabalhar para o povo.
Lamentável: o candidato eleito que almeja tais realizações não passa de um idealista. Na verdade, no dia a dia dos agentes políticos do Legislativo e Executivo, o cenário é o inverso.
A opressão daquele que tem o poder maior, o prefeito, subjuga e corrompe o candidato eleito ao seu bel-prazer, pois deve cumprir com as promessas de cargos. Ao menos no Legislativo municipal não se tem uma instituição independente. Não passa de idealismo, de teoria, nós, o povo, votarmos naqueles que acreditamos para nos representar.
O mecanismo da política brasileira funciona dessa maneira: o vereador eleito deixa de representar o papel a que foi confiado pelo povo, se corrompendo por cargos políticos para que o governo municipal possa realizar suas manobras, comprando autorização do Legislativo para que este seja o seu fiador nos projetos que, muitas vezes, sequer interessam ou convêm ao povo.
Se o vereador aliado ousar votar diferente, por ser melhor para o povo, fazer do seu mandato o que é melhor para o povo, a aliança que foi firmada na campanha eleitoral, antes da vitória, não vale mais nada. Se o vereador escolher votar a favor do povo o governo o coloca na guilhotina. A triste realidade sempre foi assim e está longe de mudar. No final, porém, acreditamos que o bem vence o mal e quem tem caráter e essência não deve esquecer dos motivos que o colocaram em um cargo político representando seu povo.
Todos nós queremos uma saúde de qualidade, um ensino e educação por excelência, trabalhos e salários mais dignos. Desejamos uma sociedade melhor, com mais oportunidades. Mas, lembra-te, a crise pública não tem um nome como dizem por aí. A crise pública tem uma explicação clara: o político que se corrompe ao bel-prazer dos seus interesses particulares.
Alessandro Camilo, Lemos, é vereador pelo PSB de São Leopoldo e líder comunitário.
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