As moto bombas anfíbias da Higra, de São Leopoldo, tornaram-se essenciais para enfrentar as enchentes que assolam a região desde 2024. E com este conceito em mente, o repórter Juliano Palinha visitou as instalações da empresa de São Leopoldo durante o programa Tá na Hora da Berlinda, onde conversou com representantes da indústria de bombeamento que garantiram: as soluções estão aqui e não em outros países.
É o que garante o CEO da empresa, Alexandro Geremia. “Queremos deixar claro de uma vez por todas aos órgãos públicos, que eles não precisam buscar soluções na Holanda, porque atualmente temos as mesmas sendo cotadas por empresas holandesas aqui. Não precisa viajar para a Alemanha para conhecer logísticas de drenagem, pois nós mesmos estamos fornecendo consultoria a empresas alemãs para esta finalidade”
Origem e Expansão da Tecnologia
O CEO Alexandro Geremia relembra que a invenção das bombas anfíbias remonta às Bombas Geremia, idealizadas por seu pai, Seu Silvino, em 1971. Em 2024, frente às enchentes históricas, a empresa ganhou um destaque ainda maior no mercado ao participar ativamente nos trabalhos de drenagens de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre. “Na época, nem pensamos muito sobre o que poderíamos oferecer naquela situação aos municípios que estavam embaixo d´água: só sabíamos que tínhamos que bombear a água”, conta Geremia. Desde então, a Higra acumula 25 anos dedicados ao aperfeiçoamento desses equipamentos.
Atualmente, a marca conta com uma fábrica de motores em Caxias do Sul e sete unidades de produção espalhadas pelo Brasil, que permitem que a empresa domine toda a cadeia de suprimentos. Com essa autonomia, a Higra dobrou sua capacidade de produção em apenas um ano, atendendo rapidamente tanto a demandas municipais quanto a outros projetos do Brasil todo, em especial nas regiões Sudeste e Nordeste.
Projetos em Andamento
Já existem projetos tramitando para modernizar as antigas casas de bomba de São Leopoldo e Novo Hamgurgo, equipando-as com as moto bombas anfíbias da Higra. Cidades como Canoas, Porto Alegre e Blumenau seguem esse modelo, confirmando que a tecnologia local é a mais adequada para drenagem em cenário de chuvas extremas.
Segundo o coordenador comercial Deivis Santos, as bombas instaladas na divisa entre Novo Hamburgo e São Leopoldo têm vazão de 3.000 litros por segundo, evitando alagamentos em bairros como Santo Afonso e Vila Braz. Esse primeiro contingente demonstrou eficácia ao operar já antes dos picos de chuva.
Além dessas, Novo Hamburgo adquiriu seis unidades menores (500 m³/h), e São Leopoldo incorporou duas novas bombas para Vicentina e Campina. Canoas, também por meio de licitação, garantiu mais seis equipamentos.
Estação de Drenagem Anfíbia Modular
O engenheiro Leonardo Roggenn detalha a estação de drenagem anfíbia modular, que é o projeto padrão mais utilizado aqui na região em situações de enfrentamento a alagamentos: “É um conjunto integrado de moto bomba, tubulações e válvulas que opera antes das casas de bomba convencionais”, explica. Nos locais de maior risco, as estações entram em operação dias antes das previsões de chuva intensa.
No Braz e em Santo Afonso, a ativação antecipada dessas estações impediu o alagamento de ruas e residências na semana passada. “Essa eficácia comprova que a adição de tecnologia anfíbia aos sistemas tradicionais multiplica a capacidade de resposta, reduzindo danos estruturais e protegendo vidas”, apontou o engenheiro. Roggenn afirma que, com a matéria-prima disponível, a fabricação de bombas de grande porte demora de 10 a 15 dias, enquanto unidades menores saem em apenas três dias.