O ‘tsunami’ covid-19 atingiu em cheio todos os nichos sociais e por mais que a turma do “fique em casa” e a turma do “bora trabalhar” se confrontem com muita virulência, não se pode negar que ambos os lados tem argumentos legítimos.
O único consenso é que o covid-19 ainda não mostrou todo seu potencial destrutivo: a elevação exponencial de óbitos e a destruição da economia.
Se, por um lado, é estratégico evitar a disseminação do vírus para se preservar a vida, também, em igual intensidade não há como se condenar a busca do sustento, traduzindo essa encruzilhada moral em escolha quase impossível.
E neste ambiente de escolhas impossíveis tem-se uma eleição. Os políticos leopoldenses parecem não perceber a realidade que os cerca, e continuam no mesmo “ritmo” com a velha guerra PT versus anti-PT.
A guerra PT X anti-PT é uma retórica chata, velha e mofada conduzida por atores políticos sem criatividade que mesmo antes do covid-19 já não tinham nada a oferecer à sociedade.
Os primeiros não mostraram capacidade de conduzir os rumos da sociedade leopoldense nos últimos 4 anos e os segundos, poucas alternativas reais e concretas apresentam ao público reduzindo-se o discurso político a gritos vazios de críticas ao governo municipal atual que são respondidos com gritos anti-Bolsonaro.
O Executivo Municipal não tem desculpa para se queixar do parlamento no período 2016/2020, pois dos 13 vereadores sempre teve em sua base pelo menos 08 deles como soldados fiéis, contando como seus “generais subordinados” na maior parte dos últimos 4 anos, todos que ocuparam a presidência da Câmara Municipal.
O corpo político (executivo e legislativo) deste quadriênio 2016/2020 não produziu os resultados para alavancar o progresso e soluções para problemas estruturais que tanto se almejam, pois, antes do covid-19 o cenário já era muito ruim e é preciso que seja relembrado, eis que, a crise coronavírus não os fez sumir:
(1) a crise do Hospital Centenário e da saúde;
(2) a crise no quadro de servidores públicos que não foram respeitados nem na sua data base de reajustes;
(3) reajustes questionáveis de IPTU que poderão gerar passivos milionários aos cofres públicos;
(4) o sucateamento estrutural da cidade que afugenta a qualidade de vida da comunidade (ruas e espaços públicos mal distribuídos e conservados);
(5) a dívida pública municipal em valores de centenas de milhões de reais;
(6) o franco processo de desindustrialização municipal que gera desemprego e redução de arrecadação;
(7) que o legislativo não mostrou capacidade de produzir resultados que justifique seu custo pago pela sociedade leopoldense (basta ver o relatório produzido pelo Observatório Social que será abordado em texto futuro);
(8) que as políticas pet e defesa de vulneráveis além de insuficientes não podem ser o único ponto de movimentação social e ligação com o debate político local;
(9) há ausência de diálogo dos políticos locais com a comunidade economicamente ativa;
(10) há ambiente político-administrativo que afugenta investidores da cidade;
Estes 10 pontos são alguns dos grandes desafios que antes do covid-19 já teriam que ter abordagens tanto da situação que buscará sua sucessão, como da oposição que até o presente momento também não mostrou nenhum caminho.
A sociedade capilé não consegue se motivar para um futuro onde não há movimentos para o enfrentamento destas hercúleas tarefas e não vê nos políticos a habilidade necessária para se conduzir esse futuro pós-covid, que exigirá dos protagonistas mais engajamento e preparo do que é feito nas necessárias políticas pet.
Não poderão os futuros líderes locais se esconderem da fácil bandeira dos vulneráveis e dos animais sofridos, da retórica do “EleNão”,“LulaLadrão”,“fascistasNãoPassarão”, “gadoBolsominion” e tantos outros embates ridículos que nunca foram e não são capazes de mudar os graves problemas que a sociedade estará submetida em 2021.
Os “pilotos” de São Leopoldo terão que se mostrar capazes de conversar com todos os atores sociais para busca de soluções, e ter capacidade de apresentar alternativas para todos os segmentos sociais e econômicos de forma transparente e honesta nas consequências da escolhas que farão.
É bom sempre frisar que honestidade é dever. A honestidade é valor intrínseco que o indivíduo deve cultivar e condição de virtude essencial de quem almeja lançar-se no meio político. Mas honestidade como única virtude para ser político é o caminho do desastre, pois o incompetente também pode ser uma pessoa íntegra.
Não pode se dar um manche de avião a uma pessoa apenas por ser honesta, é preciso capacidade de mobilização com todos os segmentos da sociedade e conhecimento. E quando o avião está caindo, a capacidade, o conhecimento e honestidade podem não ser suficientes para sustentar um avião no ar, é preciso também ter coragem para decidir rapidamente entre opções impossíveis e convencer a tripulação a fazer o que tem que ser feito para o avião não cair.
Ser “piloto” em São Leopoldo não é e nunca foi para amadores e o resultado do amadorismo está visível e exposto na nossa cara todos os dias, seja nas ruas e nos espaços públicos, ou mesmo nas redes sociais, e, também assistir as sessões da Câmara Municipal transmitidas pelo youtube e acompanhar os políticos nas redes para se chegar a esta conclusão.
São Leopoldo precisa imediatamente e justamente o oposto do que teve nos últimos 4 anos. A gestão pública terá mais do que nunca que maximizar a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência como resposta e fundamento para engajar a “tripulação.”
É preciso que os “pilotos” além possuírem óbvia honestidade em suas biografias, sejam capazes de lidar com as escolhas impossíveis que virão.