Após o ato simbólico que marcou o início da vacinação contra a covid-19 no município de São Leopoldo, ocorrido na tarde de ontem no Hospital Centenário, hoje (20), a Secretaria Municipal de Saúde (Semsad) prosseguiu com a aplicação das doses em outros grupos prioritários, definidos pelo Ministério da Saúde. Além do Hospital Centenário, as doses foram aplicadas no Lar de Idosos São Francisco de Assis, mantido pela Prefeitura, no Centro de Saúde da Feitoria, na UPA Zona Norte, na base do Samu e na comunidade indígena Kaingang Por Fi Ga. Cerca de 350 doses já foram aplicadas, mas as equipes ainda atuam nas trocas de turno dos profissionais da saúde.
LAR SÃO FRANCISCO
Pela manhã, as equipes de profissionais da saúde estiveram no Lar de Idosos São Francisco de Assis, para realizar a vacinação dos 27 idosos e do grupo de profissionais que atuam no local. “A vacina é mais uma esperança para garantir a saúde deles e poder manter uma vida mais aberta, realizando passeios e tendo a possibilidade de retomar o contato com os familiares, a questão do abraço, o carinho físico, pois a visitação também estava bem restrita aqui. Esse é o início de dias melhores para eles”, afirmou a psicóloga do município e coordenadora do lar, Tatiana Fiori.
Já para Eva Nery Câmara, de 78 anos, residente do lar São Francisco há seis anos, a vacina que chega é o começo de dias melhores não só para eles, mas para a população. “Me sinto muito bem, é uma alegria para mim e para todos, pois só assim, com a vacina, o mundo deixa de chorar a perda de seus familiares. É um descanso para nós, um certo alívio. Agradeço a oportunidade de ser vacinada e espero que todos tenham essa mesma oportunidade também. Aqui estamos tomando todos os cuidados, então não estávamos podendo sair na rua, agora, poder voltar, aos poucos, é uma dádiva muito grande”, destacou ela.
40 profissionais do HC
No Hospital Centenário, no dia de ontem, foram imunizados 40 profissionais das emergências, além de 12 trabalhadores do Samu. Hoje outra leva de profissionais está sendo atendida. Os servidores da linha de frente do Centro de Saúde Feitoria e da UPA Scharlau também estão recebendo as doses.
Vacinação na Comunidade Indígena
Na parte da tarde, a aplicação das vacinas se deu para o grupo indígena Kaingang, da comunidade Por Fi Ga, localizada no bairro Feitoria. No dia de hoje foram vacinadas 37 pessoas.
O cacique José Vergueiro, de 52 anos, destacou o momento de prioridade recebida pelos indígenas, ressaltando o cuidado existente dentro da comunidade. “A gente sabe que está sendo uma novidade esta vacina, eu irei tomar, a prioridade que estamos ganhando está dentro da lei, não é só na saúde, mas em outros serviços também, o governo tem esse compromisso com a gente. Aqui na aldeia tivemos algumas pessoas afetadas com a covid, mas nenhum óbito, conseguimos curar todos, temos um monitoramento aqui dentro também”, ressaltou.
A técnica de enfermagem que atua dentro da comunidade indígena há sete anos, Sueli Thomas, frisou a importância da vacinação no local. “É simbólico para nós, pois aqui temos diversas famílias, existe o cuidado dentro da nossa comunidade, mas também temos muito contato com pessoas de fora. Sermos priorizados é fundamental, essencial para as famílias que moram aqui”, salientou.
Prefeito Vanazzi alerta para interrupção da vacinação
Em uma postagem nas redes sociais o prefeito Ary Vanazzi mostrou preocupação em relação as fases seguintes do processo de vacinação. “O Governo Federal tem mais 4 milhões de doses no Butantan, já produzidas, que serão distribuídas para todo o Brasil. Depois disso, vem a treva. Não há mais nada programado a curto prazo. Os laboratórios não poderão mais produzir por falta de insumos, que precisam ser importados da China. A Fiocruz, por exemplo, que ficou de entregar mais doses em fevereiro, já protelou para março.” Na avaliação de Vanazzi, os municípios precisam estar alertas e estabelecer formas de pressão para que o Governo Federal agilize a disponibilidade das vacinas.