Fernanda Camargo e Marcelino Barth são pessoas comprometidas com a sociedade fazendo a diferença em suas respectivas funções. Se conheceram em 2021 quando Fernanda, diretora do Instituto Penal de São Leopoldo buscava parceria na iniciativa privada para oportunizar que apenados pudessem trabalhar. “Assumi em maio de 2021 e me desafiei a colocar em prática a reinserção dos apenados pelo emprego”. Marcelino é empresário há 25 anos no setor metalmecânico. Há 11 anos está no Distrito Industrial Málaga, em São Leopoldo, com a empresa Vivacor . “Após uma palestra no Sindimetal decidi saber mais sobre o projeto e aderi ciente que se trata de um tema polêmico, delicado que precisa começar com a conscientização na empresa, primeiro com as chefias e depois com todos os colaboradores”. No Berlinda News Entrevista desta quinta-feira (5), Fernanda e Marcelino detalharam o funcionamento.
Os apenados são encaminhados após um processo com os profissionais da instituição. “Não são todos os apenados que tem o perfil para o projeto por vários motivos. Por isso é nossa responsabilidade fazer esse diagnóstico, ir até a empresa detalhar como vai funcionar. O apenado precisa cumprir o horário e qualquer fato que ocorra durante o expediente de trabalho é de responsabilidade nossa (instituição), inclusive a chefia na empresa não precisa se reportar ao apenado”, explica Fernanda acrescentando que o projeto é viabilizado por acordo de cooperação.
Poder público x iniciativa privada
“O trabalho dos apenados com órgãos públicos existe há muito tempo, porém a legislação estabelece o final do trabalho quando encerra a pena, ou seja, vai para a sociedade em busca de uma vaga que é muito difícil porque o apenado deixa o sistema com um X nas costas, e o fato de já ter cumprido a pena não faz diferença. Já na iniciativa privada o final da pena não interfere na relação com a empresa, pode seguir trabalhando “. Fernanda Camargo
Encargo de 10%
“Quem emprega apenados fica isento dos encargos sociais. Paga 10% sobre a remuneração do trabalhador, por exemplo, se o salário é de R$ 1,5 mil, R$ 150 reais vão para o serviço do sistema”. Fernanda Camargo
“Na empresa não há tratamento diferente entre CLT e apenado. Lá todos são colaboradores”
A equipe da VivaCor é de 50 pessoas aproximadamente. Hoje sete (7) apenados em cumprimento de pena fazem parte da equipe. Mas outros quatro (4) encerraram a pena, foram efetivados e seguem trabalhando. “É um trabalho de conscientização para que não ocorra discriminação entre os colegas. Sobre o desempenho e o desfecho, alguns não permaneceram da mesma forma que acontece com celetistas. O ingresso na empresa é precedido de entrevista com nossa equipe no mesmo formato de qualquer candidato à vaga”, relata Marcelino.
Comprometimento com a sociedade
“Somos parte da sociedade e por isso temos responsabilidade com as questões sociais como a reinserção dos apenados que é a chance de uma vida nova, de poder voltar a conviver com a família nas suas comunidades. Tenho um olhar diferente com as crianças e ao oportunizar um pai (que está pagando por seu erro) de mudar de vida, significa que a criança seja protegida. Antes de receber o primeiro apenado reuni os colaboradores dizendo que não nos cabe nenhum julgamento ou questionar o que cometeram. Isso tudo é dos órgãos competentes, que aliás já fizeram o julgamento de acordo com a legislação. Nosso papel é contribuir para uma sociedade melhor”. Marcelino Barth.
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