A vida de Keoma de Oliveira sofreu uma reviravolta: há dois dias ele estava desempregado depois de ter postado uma foto na festa de aniversário do filho com refrigerantes de uma marca concorrente da Frisky, empresa onde trabalhava em Ariquemes (RO). Já neste sábado (15), ele chegou em Porto Velho para acertar os últimos detalhes de uma proposta de emprego que recebeu da Dydyo, a empresa rival.
Keoma foi convidado pela Dydyo e conheceu a sede da empresa em Porto Velho, acompanhado da esposa e do filho de dois anos. Ele contou ao g1 como está sendo toda a experiência, após repercussão do caso.
“Foi um estouro nacionalmente. Eu estava acompanhando pelo celular como tava sendo. Aí o pessoal da Dydyo entrou em contato comigo, pediram pra eu ir lá e eu fui. Estou bem eufórico, primeiro porque a estrutura é ‘massa’ e a recepção foi coisa de outro mundo. Acho que eu tô prestes a ingressar em um ambiente muito acolhedor”, contou Keoma.
De acordo a Dydyo, a contratação está em fase de andamento e os próximos passos serão a realização dos exames admissionais e a assinatura do contrato. A empresa contou que Keoma deve ser incorporado à unidade de Ariquemes (RO), no setor responsável pela logística.
Nas redes sociais, ele já comemorou a conquista.
Para o futuro, Keoma revela que está sempre em busca de evolução e que já está fazendo planos para quando receber o primeiro salário.
“Agora é planejar e tentar desenvolver o melhor trabalho possível. O primeiro salário vamos comemorar um pouquinho. Vai ser um cargo novo, eu era operador de máquina e passar pelo meio da logística agora vai ser um desafio”, disse.
Indenização
Keoma foi demitido da Frisky de Ariquemes no dia seguinte ao aniversário de dois anos do filho, depois de postar uma foto que mostrava dois refrigerantes da Dydyo em cima da mesa, ao lado do bolo do menino.
A Frisky foi condenada a indenizar Keoma em R$ 7 mil pela demissão. O Juiz do Trabalho, Luciano Henrique da Silva, entendeu que foi a foto o real motivo da demissão.
Segundo a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região (TRT-14), apesar de alegar redução de funcionários, a empresa não apresentou nenhum documento como prova ou demonstrou qualquer outro motivo para demitir Keoma.
O prazo para que a empresa entrasse com recurso da decisão encerrou na quinta-feira (13). Ao g1, a defesa da empresa responsável informou que não se manifesta sobre casos em andamento.
Posso ser demitido por consumir um produto concorrente da empresa que trabalho?
O caso de um funcionário da Frisky que foi demitido depois de postar uma foto na festa de aniversário do filho com uma bebida de uma marca rival levanta a dúvida se uma demissão pode ocorrer por consumir um produto concorrente da empresa em que trabalha. A resposta é não, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
📢 Nessas hipóteses, o entendimento é de que os empregados devem ter liberdade de escolha na hora de consumir os produtos disponíveis no mercado, não sendo possível a demissão exclusivamente com base na utilização de produto de marca considerada concorrente.
“Exigir o uso exclusivo de produtos do seu empregador, além de abusivo, pode configurar rigor excessivo no tratamento por seus superiores e violar a própria intimidade do empregado”, afirma Richard Abecassis, sócio do Fernandes Figueiredo Françoso e Petros Advogados.
Caso faça esse tipo de cobrança, o empregador pode ser questionado na Justiça e até mesmo condenado a indenização por danos morais, como ocorreu com o operador de máquinas de rótulos. Ele ganhou na Justiça uma indenização de R$ 7 mil.
⚖️ No caso da Frisky, a empresa disse à Justiça que a demissão não era pelo consumo de produto concorrente, mas por redução de funcionários. Foram solicitadas provas, que não foram entregues. Cabe recurso da decisão.
Ao g1, a defesa da Frisky informou que não vai se pronunciar.
Por G1