Estive agora pela manhã em frente ao 16º GAC em São Leopoldo. Queria entender se a “vigília” como é tratado pelos frequentadores, seguirá após a posse do novo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A resposta foi sim. Conversei pouco mais de 30 minutos com o instalador de antena, Luiz Fernando da Silva, 34 anos. Ele é morador do bairro Santo André, casado e tem um filho de 10 anos. É dono do seu próprio negócio, por isso consegue frequentar o local todos os dias. Aliás, está no movimento quando iniciou na BR-116, em Novo Hamburgo. Respondeu todas as perguntas com tranquilidade e contou que já votou no PT, mas hoje diz que a causa não é entre esquerda e direita, mas sim um Brasil melhor.
No início a vigília seria de 72 horas, vocês estão aqui há mais de 65 dias, por que?
No início era para ser esse período, acreditávamos que poderia haver uma mudança, porém não houve.
Em Porto Alegre o QG foi desmontado hoje, até quando vocês vão ficar aqui?
Em Porto Alegre desmontaram por causa das festa de final do ano para evitar algum briga e tal. Aqui não sabemos até quando vamos. A ideia é ir ficando. Não temos um líder, estamos aqui porque queremos um futuro melhor para o Brasil e a todos os brasileiros.
O Bolsonaro foi embora, o que vocês acharam disso?
Não estamos aqui pelo Bolsonaro e nem pelas fraudes nas urnas. Queremos mudanças neste sistema corrupto. Queremos a moralização de um Brasil. Hoje já começamos a ver o reflexo deste governo, a gasolina quase R$ 6,00 (ele olhou para traz e apontou o valor é de R$ 5,99 que marca o posto de gasolina da esquina). Vai subir mais, pode escrever que vai passar dos R$ 10,00. Isso é só o começo.
Houve briga em família por causa do seu posicionamento?
Não. Tem gente que vota no PT e eu respeito. Venho aqui todos os dias porque me sinto bem. Aqui você pode chegar que vamos conversar de boa. Não é aquela lavagem cerebral. Na Praça da Biblioteca, por exemplo, tenho certeza que é diferente. Se você chegar lá o pessoal já olha de outro jeito. Aqui o papo é de boa. Ah, importante destacar o respeito e a limpeza no local. Aqui a gente deixa tudo sempre organizado.
Tem gente que dorme aqui?
Sim. A galera faz um rodízio. Durante o dia são pessoas mais velhas e aposentadas. A noite chegam os mais jovens que durante o dia trabalham. às vezes chega gente de madrugada.
Vocês já fizeram muitas amizades aqui?
Sim, muitas. O pessoal se sente bem. Chega, conversa, interage. Alguns trazem coisas. Outras pessoas nos acenam com com sinal de positivo.
