Recentemente, tive a honra de participar da mesa “Jornalismo e Literatura” na 36ª edição da Feira do Livro de São Leopoldo, com o também escritor Pedro Gonzaga e mediação do professor Daniel Adams Boeira. Neste texto, busco registrar e compartilhar algumas de minhas contribuições nesse evento.
As relações entre Jornalismo e Literatura intensificaram-se na Modernidade, a partir do desenvolvimento da mídia impressa. Há aproximações e fronteiras entre essas duas áreas de expressão linguística e de representação do pensamento e da vida, as quais transitam entre os planos da realidade histórica e da criação ficcional. Suas relações podem ser observadas por três perspectivas diferentes: o espaço da Literatura no Jornalismo, a representação do Jornalismo na Literatura e os gêneros do Jornalismo Literário.
O espaço da Literatura no Jornalismo pode ser analisado a partir do contexto histórico já mencionado, quando a Literatura amplia sua circulação através do suporte jornal: inicialmente, nas seções denominadas folhetins; posteriormente, em colunas literárias, almanaques, cadernos de cultura. Não por acaso, grandes escritoras e escritores brasileiros também publicaram textos em jornais e revistas, como Machado de Assis, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Rubem Braga e tantos outros.
A representação do Jornalismo na Literatura pode ser analisada através de obras cujos temas, ambientes e personagens ficcionais apresentem a esfera da atividade jornalística, como “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto, “Angústia”, de Graciliano Ramos, “A festa”, de Ivan Ângelo e outras.
Já a abordagem sobre os gêneros do Jornalismo Literário enquanto área específica do Jornalismo Cultural volta-se às formas e gêneros textuais que se desenvolvem a partir das relações entre Jornalismo e Literatura, os quais são classificados como não ficcionais, como a crônica, o ensaio, a reportagem-ensaio, a reportagem biográfica, a resenha crítica literária.
Por fim, também é pertinente considerar a importância da Literatura e do Jornalismo Literário na formação de leitoras e leitores habituais e críticos, ainda mais com a ampliação de sua produção, circulação e alcance nos atuais suportes digitais, como plataformas, redes sociais, revistas eletrônicas, blogs e sites voltados e/ou especializados na área.
Particularmente, ressalto que a oportunidade de ler, desde a adolescência, textos literários e sobre Literatura em revistas e jornais impressos formou-me não apenas como leitor, mas também como escritor, jornalista e professor de Língua Portuguesa e de Literatura. Assim, acredito que minha participação na mesa literária e os textos sobre Literatura que publico em veículos de comunicação testificam que o Jornalismo Literário cumpre um papel social. Por isso, procuro compartilhar o que aprendi e retribuir com o que sou.
