POR ELENILTO SALDANHA DAMASCENO: Para escolher um bom livro infantil

8 de maio de 2022 - 08:44
Por Elenilto Saldanha Damasceno é Professor, escritor e jornalista

Acredito que há muitas mães e muitos pais interessados em propiciar uma boa formação a suas crianças, mas tenham dificuldades para selecionar obras literárias adequadas. Por isso, transferem para a escola essa incumbência, sem participarem mais ativamente do processo educativo de formação de leitoras e leitores. Espero que este texto colabore para dirimir algumas dúvidas e para aproximar mães, pais, filhas e filhos através de uma ponte chamada livro.

A escolha de uma obra literária infantil deve considerar a relevância de seus aspectos temáticos e estruturais, bem como a ampliação das experiências da criança enquanto leitora ou leitor. O assunto é amplo. Especificamente, este artigo pretende considerar os aspectos estilísticos da linguagem literária para adequação ao universo do público leitor infantil.

A aproximação com a oralidade é um dos elementos mais importantes, haja vista toda leitura se tornar mais envolvente quando a linguagem é mais compreensível. A linguagem infantil é autêntica, espontânea e desatrelada das estruturas normativas rígidas da gramática tradicional. A infância é uma fase da vida de descobertas e construção de sentidos, e o desenvolvimento do conhecimento linguístico e da capacidade comunicativa é mais significativo quando a língua é representada conforme os usos e sentidos que a criança compreende, associados ao prazer lúdico. Dessa forma, ela se sentirá mais interessada e motivada para a leitura.

Além da aproximação com a oralidade e a informalidade coloquiais, o tratamento estético da linguagem literária para o público leitor infantil precisa contemplar e promover a criatividade, a imaginação, a sensibilidade e o bom humor. Também deve considerar o uso da linguagem como representação social e humana. Assim como as pessoas, as personagens devem apresentar linguagem própria, com características que revelem sua personalidade e, também, representem papéis sociais culturalmente construídos. É a denominada polifonia, a presença de múltiplas vozes na obra literária, com marcas discursivas distintas e representativas da diversidade cultural e social, com seus encantos e encontros, mas também em seus dilemas e conflitos.

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