A mostra itinerante “Nem Tão Doce o Lar” chega a Portão para revelar sutilezas de abuso doméstico, em cenários que reproduzem cômodos de uma casa, estimulando visitantes a identificar pistas de violência e debater caminhos de acolhimento. A exposição acontece entre os dias 21 e 23 de maio no Centro de Eventos Lothar Kern, na Rua Nove de Outubro, 190, Centro.
Idealizada pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em 2006, logo após a promulgação da Lei Maria da Penha, a exposição completa 19 anos com uma metodologia que já passou por quase 100 municípios e chega agora em Portão em parceria com Abefi, Prefeitura de Portão, CREAS, CRAS, Conselho Tutelar e APAE .
Cenários que denunciam o abuso
Ao transitar pela casa montada, o público encontra pistas como um copo quebrado na sala ou cartas de desculpas no quarto — sinais de episódios de violência que muitas famílias tentam ocultar. “O nome do projeto é uma provocação às sutilezas que passam despercebidas e depois viram problemas graves”, explica Rogério Aguiar, representante da FLD. Renate Gierus complementa: “Quando se pensa em lar, vem à mente segurança, mas para muitas pessoas ele não é um lugar acolhedor”.
Foco no Maio Laranja e acolhimento imediato
Nesta edição, que integra o Maio Laranja — campanha nacional de combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes — a abertura receberá especialmente alunos do ensino fundamental e médio. Durante as visitas guiadas, equipes de psicólogos e assistentes sociais estão de plantão para acolher vítimas que se sintam impactadas pelo conteúdo. “Muitas visitas geram gatilhos e já tivemos que prestar apoio imediato a quem reviveu traumas antigos”, conta Renate. Ao final de cada percurso, ocorre roda de conversa para apresentar a rede de apoio local e orientar sobre como denunciar.
Estatísticas que mostram a urgência
Dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam que, entre 2015 e 2021, mais de 200 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram notificados no Brasil, sendo a residência o local de ocorrência em 70,9% das ocorrências contra menores de 10 anos e 63,4% contra adolescentes de 10 a 19 anos. Familiares são responsáveis por mais de 68% das agressões a crianças e 58,4% contra adolescentes. Esses números reforçam a necessidade de iniciativas que desnaturalizem a violência doméstica.
Rede de parceiros e próximos destinos
Em Portão, a casa-exposição ficará aberta ao público gratuitamente das 8h às 14h no dia 21 e das 9h às 14h. Antes, em 20 de maio, acontece uma oficina de formação para profissionais da rede de proteção, em parceria com o Proame. Depois de Portão, o “Nem Tão Doce o Lar” segue para Agudo (RS), Colatina (ES), Linhares (ES) e retorna à região em agosto, em Nova Santa Rita e Novo Hamburgo. Renate reforça o desejo de que a iniciativa seja cada vez menos necessária: “Espero que, no futuro, tenhamos um mundo feito para o bem viver, sem violência”.
Para mais informações, contate Daniela Silva Huberty, coordenadora de comunicação da FLD: [email protected] / (55) 99959-9842.