Na manhã desta segunda (9), o Berlinda Entrevista trouxe líderes religiosos, acadêmicos e representantes de tradições ancestrais para refletir sobre a recém-aprovada Lei do Dia de Conscientização do Estado Laico e os dados do mais recente Censo do IBGE em São Leopoldo, acerca das matrizes religiosas da cidade e seus adeptos. A cidade apresentou a seguinte distribuição religiosa:
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Católica Apostólica Romana: 57,06%
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Evangélicas: 25,54%
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Espírita: 2,55%
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Umbanda e Candomblé: 2,73%
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Tradições indígenas: 0,01%
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Outras religiosidades: 3,61%
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Sem religião: 8,43%
Estado Laico: proteção e equidade
Os cinco debatedores concordaram que a laicidade é essencial para proteger a diversidade religiosa em São Leopoldo. Para o historiador Ibanês Mariano, “o Estado Laico corrige distorções históricas em que censo religioso era feito pelas paróquias, incluindo escravizados como católicos; hoje precisamos de neutralidade real.”
O Padre José Ivo Follmann reforçou que “laicidade não é ateísmo, mas sim o melhor instrumento legal para garantir a liberdade de crença e coibir a confusão entre Estado neutro e Estado anticlerical.” O Pastor Adriano afirmou que “o laicismo assegura a convivência pacífica entre fés distintas, garantindo que cada pessoa pratique sua espiritualidade sem favorecimento de uma religião.”
Já Mãe Águida, sacerdotisa de Umbanda, acrescentou que “chamar grupos afro-brasileiros de minorias é pejorativo; em um Estado laico, cada fé tem igual relevância — nossos 600 terreiros são prova da força espiritual que move dezenas de milhares de adeptos.” Por fim, o professor Oneide Bobsin frisou que “debater Estado Laico em plena República de mais de cem anos mostra falhas institucionais; precisamos ir além do discurso e garantir que a laicidade seja efetiva na gestão pública.”
Análise dos dados do Censo 2022
Ao comentar o levantamento do IBGE, que apontou 57,06% de católicos, 25,54% de evangélicos e 2,73% de adeptos de Umbanda/Candomblé, cada um trouxe sua perspectiva. Padre Ivo observou que “embora mais da metade se declare católica, apenas 30% frequentam missas; o censo dá leitura equivocada da prática religiosa.”
O Pastor Adriano destacou que “o culto evangélico é orgânico e celular; se contabilizássemos reuniões domiciliares, o percentual de evangélicos ativos superaria os 25% declarados.” Oneide Bobsin sublinhou que “o salto de 0,3% em 2010 para 2,73% agora não reflete a realidade da umbanda; meus levantamentos indicam que cerca de 20% praticam cultos afro-brasileiros, mas não se identificam formalmente.”
Ibanês Mariano acrescentou que “o crescimento evangélico é fato político e social, assim como a retração católica, e isso influencia o cenário eleitoral — por isso não podemos ficar só na autodeclaração.” Por fim, Mãe Águida ressaltou que “os terreiros multiplicaram-se de 300 para 600 desde 2000, e com cerca de 70 mil membros, precisamos de novo levantamento para dar visibilidade ao culto afro, pois esses números moldam políticas públicas e fomentam o reconhecimento de nossa fé.”
Acompanhe o programa na íntegra: [embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=6PwxQCGGiqQ[/embedyt]