Provavelmente quando você terminar de ler esta matéria, pelo menos uma mulher terá sofrido agressão física no Rio Grande do Sul. Sim, a cada 22 minutos a violência física contra uma mulher acontece no Estado. Muitas vezes elas começam com a violência psicológica e piora, porque muitas vezes elas acabam em feminicídio. Um exemplo disso foi a tragédia que aconteceu no Estado durante o feriado de Páscoa quando dez mulheres foram mortas por homens.
Em função do aumento da violência contra o sexo feminino que foi criada no início do mês, na Câmara de Vereadores de São Leopoldo, a Frente Parlamentar de homens pelo fim da violência contra a mulher. A iniciativa foi do vereador Fábio Bernardo (PT) para que os homens sejam participantes da prevenção e não atores dessas agressões.
No Berlinda News Entrevista desta sexta-feira (25), o vereador foi o convidado e falou mais sobre as ações da frente parlamentar. “Este trabalho é necessário porque os números já eram alarmantes, mas o último final de semana e ainda sendo de Páscoa, tivemos essa notícia de dez mulheres mortas. A mulher é morta por ser mulher. Isso é feminicídio e o homem entende que tem que matar. Por isso estamos falando com os homens. Não adianta falar com as mulheres porque elas já estão fazendo esse movimento há décadas. Queremos discutir o assunto nos bares, nos campos de futebol e nas escolas. Porque o homem responsabiliza a mulher por ele cometer o crime”, explicou ele que também trouxe dados alarmantes do que vem acontecendo no Estado e especificamente em São Leopoldo.
Conforme levantamento realizado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e citado por Fábio Bernardo, e, 2024 foram registradas mais de 31 mil ameaças contra mulheres no Rio Grande do Sul. Dessas, mais de 500 foram em São Leopoldo. Já em relação a agressões físicas, foram mais de 18.700 registros no Estado e 377 em São Leopoldo.
“A ameaça é quando o homem diz que vai bater porque a mulher está pedindo, está provocando e que depois não adianta ela registrar ocorrência. Já a violência física é quando ele diz que machucaria e machuca”, detalhou o vereador.
Outro tipo de agressão contra a mulher que ocorre muito, mas é pouco falado é o estupro. Ao todo, foram 2.369 no Rio Grande do Sul só ano passado. Desses, 37 aconteceram no nosso município. “Mais de 90% dos casos os agressores são companheiros ou ex-companheiros.”
Por fim, mas não menos importante, o feminicídio: 72 mortes de mulheres por homens em 2024 no Estado, sendo que oito em Porto Alegre e quatro em São Leopoldo, posicionando assim, a cidade em segundo lugar no ranking dos municípios com mais casos de feminicídios no Rio Grande do Sul.
“A crueldade também é muito comum no feminicidio que ocorre com facão, com faca. Ou seja, é um pensamento de propriedade dessa mulher que está impregnado no machismo, por isso dizemos que é uma questão de educação e cultura. Mais do que nunca temos que levar isso para as escolas”, afirmou o vereador que completou: “Só quando o homem se permitir aceitar que tem conduta machista é que vamos começar a reduzir esses casos, mas precisamos ter leis severas, agilidade de atendimento e conversas com esses homens que podem voltar a cometer esses atos depois de cumprir a pena.”
Em matéria publicada nesta quinta-feira (24), aqui no Berlinda, a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de São Leopoldo (SEAM), Michele Mendes Arigony, revelou que apenas nesses primeiros 90 dias de 2025, 423 procedimentos já foram instaurados, 368 remetidos ao Juizado e 323 Medidas Protetivas de Urgência concedidas, além de 64 agressores presos.
Ainda de acordo com a titular da Deam, a média de idade das mulheres que sofrem violência é de 25 a 35 anos de idade. “Tem todas as idades, mas posso avaliar superficialmente que a maioria é entre 25 a 35.”
Medida Protetiva Online
Uma importante ferramenta no combate aos crimes de violência doméstica contra a mulher já está em funcionamento. Trata-se da Medida Protetiva Online, uma ferramenta digital idealizada pela Polícia Civil do Estado e desenvolvida pela PROCERGS, que permitirá o pedido de medidas protetivas pela internet, de forma rápida e segura. Com esta possibilidade, a Polícia Civil visa promover mais acessibilidade e proteção às mulheres em situação de violência doméstica. O anúncio ocorreu nesta quinta-feira (24) durante coletiva realizada pelo Secretário de Segurança, Sandro Caron, e pelo Chefe de Polícia, Delegado Fernando Sodré.
A Medida Protetiva Online já está disponível. Para acessar o recurso, basta entrar no site da Delegacia Online e clicar no ícone DELEGACIA DE POLÍCIA ONLINE DA MULHER RS. Dentro da Delegacia Online da Mulher, basta registrar uma ocorrência policial e solicitar as medidas protetivas.
BRIGADA MILITAR
O município também conta com a atuação forte da Brigada Militar no combate à violência contra mulher. A Patrulha Maria da Penha, além de registrar diversos atendimentos, já visitou nos primeiros três meses 1.205 vítimas. Um trabalho diário da corporação. A Brigada conta com 382 vítimas cadastradas no sistema.
ABRIGOS PARA VÍTIMAS
São Leopoldo não tem abrigos para mulheres que sofrem com violência, entretanto compra vagas quando ocorre a necessidade de proteger a vítima. Segundo a secretária Municipal de Políticas para Mulheres, Amanda Homem, o governo município tem um convênio com uma Universidade de até seis vagas para mulheres vítimas de violência e seus filhos. “Pagamos o valor de R$ 11.500,00 mensais. O abrigamento é a última instância da violência, quando a mulher está em risco iminente de vida e não possui outro lugar para acolhimento”, explica.
Ainda de acordo com Amanda, o número de abrigadas varia conforma a demanda. “Há semanas que temos as vagas completas, outras não. Mas até hoje sempre conseguimos atender todas as mulheres encaminhadas pelos órgãos responsáveis”.
Os telefones para atendimento às mulheres vítimas de violência é 180 (Central de Atendimento à Mulher), 153 (Ronda Lilás), 190 (Brigada Militar) ou o Centro Jacobina 2200-0446 / 2200-0447 / 51 99788-3212 (WhatsApp).
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