O programa Berlinda News começou a semana abordando problemas de saúde gestacionais. Isso porque uma gestante moradora do bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, ficou dez horas em trabalho de parto no Hospital Centenário na última quinta-feira (6) levando o bebê à internação na UTI pré-natal.
Para esclarecer essas questões, o pediatra Werner Carvalho e o clínico geral, Carlos Arpini foram os convidados do programa.
Segundo Arpini, 20% das gestantes não sabem o que é um pré-natal e para Carvalho, o planejamento de uma gravidez pode evitar complicações. “Gravidez indesejada pode complicar um pouco mais. Consulta pré-natal pediátrica é muito importante porque é quando a mãe vai para receber as primeira orientações como alimentação, atividade física e sobre o momento do parto. O ideal seriam três consultas, mas no SUS sabemos que as coisas não funcionam como deveriam”, explicou o pediatra que ressaltou que todo esse trabalho de monitoramento pode prevenir as doenças mais comuns na gestação como a diabetes, a hipertensão e problemas hepáticos, tornando uma gestação de risco tanto para a mãe como para a criança.
“A diabetes gestacional provoca aumento de peso do bebê e isso pode dificultar o parto normal. E tem também uma doença respiratória, a taquipneia transitória do recém-nascido que o bebê acaba tendo dificuldade respiratória nas primeira horas de vida. Além da hipoglicemia, que é o baixo índice de glicose.”
O clínico geral Carlos Arpini explica que existem dois tipos de diabetes: a tipo 1 e o diabete adquirido que vem após os 35, 40 anos e normalmente com histórico familiar. O gestacional é adquirido a partir do segundo trimestre de gestação. Por isso, ele ressalta, assim como o doutor Werner, a importância de um pré-natal bem feito. “Muito se pede que o pré-natal seja rigoroso. Hoje já temos um alto índice de obesidade já pré-existente da gestação. E isso facilita muito que a gestante possa desenvolver a diabetes gestacional.”
Para prevenir, basta ter uma dieta balanceada, tendo sobrepeso ou não, fazer atividade física, como hidroginástica e aferir os níveis glicêmicos, principalmente em jejum. “Caso dê alto, partimos para o exame da sobrecarga oral a glicose, quando a pessoa ingere 75 gramas de glicose e em 30, 60 minutos coleta a glicemia”, detalhou Arpini.
O momento do parto
Todos esses cuidados ajudam a mulher e o bebê a terem um parto tranquilo. “Uma mãe com diabetes pode afetar a glicemia do bebê, com hipertensão pode reduzir o fluxo sanguíneo do útero, diminuindo a nutrição da criança”, explicou doutor Werner que destacou a importância da equipe médica e da decisão do obstetra no momento em que recebe uma mãe em trabalho de parto com diabetes gestacional. “O parto é quando o obstetra precisa ter a sensibilidade de saber até onde pode insistir na evolução do trabalho de parto e quando fazer a cesária. A experiência, a qualificação, a capacidade de discernimento é o que faz a diferença na hora de decidir. Então nesse caso não é bom que o obstetra demore muito a tomar uma decisão, porque o ambiente intrauterino já não está bom para a criança.”
Prevenção como política pública
O doutor Carlos Arpini lembrou que quando trabalhava no município de Estância Velha, nos anos 2000, o foco era quadruplicar o programa de estratégia da família para, entre outros objetivos, reduzir o aporte de paciente para o hospital. “O enfermeiro e o agente comunitário têm conhecimento de pré-natal, porque fazem pediatria, obstetrícia, ginecologia, clinica médica e cirurgia geral. Todos têm uma noção dessas pequenas coisas que são muito fáceis de tratar. Com isso, teve menos complicações obstétricas, menos aporte para o hospital, menos aporte aos postos para trocas de receitas. São Leopoldo carece desse programa. Isso tem que ser muito ampliado. Os pediatras e obstetras estão se aposentando e não tem reposição via concurso. Aí tem aquele problema com a terceirizada que remunera mal, atrasa e os médicos desistem, perdendo o vínculo com a população.”
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