Estou escrevendo isso para me acalmar.
Entrei nessa lancheria dentro de um ataque de pânico.
Suando e tremendo .Querendo um abraço e não querendo um abraço.
Minha arcada dentária é um liquidificador de palavras.
Um surto de pânico se assemelha muito com um pico de glicose. Essa lancheria fica ao lado do consultório da minha psicóloga. Falta meia hora para a consulta. Mandei mensagem para Tavi porque tenho medo de ter um infarto durante esses ataques. Ela disse que vai passar. E vai. Mas agora não parece. Os atendentes cochicham. Sobre mim. Se não for ainda é. Antes daqui fui levar um exame de urina num laboratório. Me apavorei e quase chorei por ter levado um papel errado. Fui grosseiro e saí envergonhado. Mas como o Patolino não me desculpei. Apenas saí chorando.
Um coro de anjos me acusando de me fazer de vítima. Antes disso acordei e fui ao banho. No banho ,ouvindo Fat White Family, começou: O horror. O tremor. O travar angustiante das pernas. Com custo consegui sair do banho Demorou uma hora.
Me fui para rua como escapando do inferno .Eu tenho medo. Eu tenho medo. De algo muito assustador que não sei o que é. Falta 15 minutos para a consulta com a psicóloga. Está tudo um borrão. A Coca Cola está no fim. O suor cessou. A tremedeira também. O medo ainda está feito tornozeleira.
Mas vai passar. Escrever esse relato ajudou.
Escrever sempre me salvou.
Everton Luiz Cidade é poeta e músico